Grande benemérito da causa espírita
em Portugal, nasceu em Murça, pobre e humilde, tendo desencarnado na Póvoa de
Varzim no dia 22 de Julho de 1932, com 62 anos de idade.
Ainda novo, partiu para o Brasil,
onde encontrou a riqueza no ramo comercial, após muitos anos de labuta.
Inteligente e organizado, caracterizava-se pela sua abnegação e bondade, ao
ponto de numa homenagem póstuma, José Camilo de Almeida, da Mesa da Assembleia
Geral da Sociedade Portuense de Investigações Psíquicas (SPIP) assim se lhe
referir: «Imitemo-lo na simplicidade, na modéstia, na resignação calma e
serena, enfrentando a dor com o sorriso nos lábios, porque ela é a mais
poderosa alavanca do progresso espiritual do homem».
Após muitos anos de trabalho,
fixou-se na Póvoa de Varzim, tendo-se dedicado e desdobrado no patrocínio da
propaganda espírita, financiando generosamente a FEP e a SPIP, bem como outros
centros espíritas, socorrendo também vários institutos de beneficência e
muitas famílias necessitadas.
Os donativos avultados que
distribuía anualmente iam muito além das possibilidades da sua fortuna. Num
admirável espírito de sacrifício, levando uma vida mais do que modesta
(quando os seus rendimentos lhe permitiam cercar-se de um luxuoso conforto), era
com o produto das suas economias, sacrificando, por vezes, as suas comodidades,
que realizava os seus vastos planos de filantropia, em gestos generosos. É o
responsável pela construção da sede da FEP e da SPIP. Além disso, instituiu
um legado permanente de 254.000$00 (entregue à FEP) para subsidiar as
colectividades que melhor propagassem o espiritismo. No seu testamento
contemplou a Misericórdia de Murça, sua terra natal, com cerca de 500.000$00.
Ao Asilo dos Meninos Desamparados de Campanhã, cerca de 70.000$00, além de
dezenas de milhares de escudos distribuídos pelos pobres da Póvoa de Varzim e
pelos familiares.
«Exemplo de bondade, espírita
convicto, consciente da sua função social, como equilibrante de ambições e
dos desmandos dos homens, alheio a conluios ou interesses de facção, soube,
como poucos – no dizer de António Castanheira de Moura («Revista de
Metapsicologia» n.º 7, Julho 1953) –,cumprir e realizar obra que, como
exemplo, deixou aos espíritas, no mais elevado sentido de fraterna
solidariedade, indicando-lhes assim o dever de continuarem a obra por si
profundamente sentida.»
Desencarnou após muitas lutas na
vida, com o apreço de todos os que o conheciam, não esquecendo de deixar um
recado aos espíritas da época: «Imponham o Espiritismo pela inteligência,
pois só assim poderão conquistar as elites do pensamento que serão os seus
melhores propagandistas. A moral cristã será o seu lógico complemento. Editem
folhetos, muitos folhetos e monografias de distribuição gratuita. O
Espiritismo será o grande renovador do mundo e o melhor arauto da fraternidade
humana e de toda a moral de Cristo. A Humanidade, desvairada pelo egoísmo,
necessita mais ainda do pão do espírito, da luz do conhecimento
neo espiritualista, do que do pão do corpo. Mas cultivando o primeiro não
devemos esquecer-nos do segundo».
Bibliografia: revista «Além»,
de Maio/Junho 1940, Julho/Agosto 1942 e Jan./Fev. 1947. «Revista de Espiritismo»
n.º 4, Ano VI, Julho/Agosto 1932. “Revista de Metapsicologia” n.º 7, Ano
V, Julho 1953.