Inácio de Loyola



Vida

        Iñigo López de Oñaz y Loyola -nome de baptismo - nasceu em 1491 em Azpeitia, no castelo de Loyola, região basca, ao norte da Espanha. De família nobre, caçula de 11 irmãos, ficou órfão de mãe aos 8 anos de idade e de pai aos 14 anos. O "Solar dos Loyolas", erguido com sumptuosidade e largueza junto à cidade de Azpeitia, reflectia a nobreza da família. Inigo, em ambiente da corte de Castilha, trabalhou como pajem do "contador-mor" do Rei de Castela, Juan Velázquez de Cuéllar - já alimentava o sonho de tornar-se cavaleiro.

        Em 1517 torna-se cavaleiro e se coloca a serviço do Duque de Nájera e vice-rei de Navarra, Antônio Henrique, que o encarregou de algumas tarefas militares e diplomáticas.

 

Ferido em Pamplona

        Em 20 de Maio de 1521, defende a cidadela de Pamplona numa batalha contra os franceses. Resistir era impossível, mas Inácio não se rende e é atingido por uma bala de canhão, sofrendo um grave fratura na perna direita e tendo a esquerda esmagada. Sofre dores terríveis e passa um mês inteiro entre a vida e a morte. Esse fato irá marcar o fim do primeiro período de sua vida, durante o qual foi, conforme ele mesmo confessou em sua autobiografia, ser "um homem dado às vaidades do mundo, cujo principal prazer consistia nos exercícios de guerra, que pratica com o grande e fútil desejo de ganhar renome". Ainda que sua moral nessa fase estivesse longe de ser irrepreensível, Inácio é antes um homem orgulhoso do que ligado à vida sensual. Alto e elegante em sua juventude, mantém uma abundante cabeleira pintada de vermelho, na moda da época. Aprecia muito música, especialmente os hinos sacros. Até os trinta anos de idade, Inácio vive como tantos outros jovens de seu tempo dominado pelas paixões do jogo, das mulheres e das armas.

 

Conversão

        Gravemente ferido em batalha, Inácio, passa por um um curto período de tratamento em Pamplona, e depois é levado ao castelo dos Loyola, em Junho de 1521. Durante o período de sua convalescença, no castelo de Loyola, decide, por vaidade, se submeter por uma dolorosa cirurgia para corrigir um trabalho grosseiro que havia sido feito em sua perna estraçalhada em combate. O resultado disso foi uma convalescência longa. Inácio pede livros de cavalaria para passar o tempo. Só encontram, no castelo, dois livros: a "Vita Christi" (foto), de Rodolfo da Saxônia, e a Vida dos Santos, cuja versão continha prólogos às várias histórias escritos por um monge cisterciense que considerava o serviço de Deus como uma ordem cavalheiresca sagrada. Enquanto lia os livros, ele passava o tempo recordando também narrativas de guerra e em pensamentos sobre uma grande dama que ele admirava. Começou a leitura sem gosto, para matar o tempo e descobriu, com surpresa, que estava gostando. Nos primeiros estágios de sua leitura, sua atenção estava voltada para o testemunho heróico os santos. Essa visão da vida atraiu profundamente Inácio. Depois de muita reflexão, ele decide imitar a vida austera dos santos e começa a reflectir: "São Domingos fez isto; pois eu tenho de o fazer também. São Francisco fez aquilo; pois eu vou fazer outro tanto..." Aos poucos, Inácio começa a encontrar sua liberdade espiritual e mudança interior que é notada por todos de casa. Reflectindo sobre o que se passava no seu íntimo, foi caindo na conta de que os pensamentos sobre Deus e sobre os santos custavam a entrar no seu coração, mas depois deixavam-no contente e com muita paz. Pelo contrário, as vaidades do mundo entravam facilmente, mas depois o deixavam frio e descontente. Inácio começou então a ter a experiência de "discernimento espiritual", isto é, a saber distinguir a acção de Deus nele e a influência do mal e da própria fraqueza humana.
 

O Peregrino

        Já totalmente recuperado, em Fevereiro de 1522, Inácio despede-se de sua família e vai a Monserrat, mosteiro beneditino nos arredores de Barcelona, no nordeste da Espanha. Ele passa nesse local de peregrinação e faz uma confissão geral dos pecados de toda sua vida, deposita espada e punhal aos pés da imagem da Virgem Maria, como símbolo de renúncia, e, vestido unicamente um roupa bem tosca e áspera de saco como faziam os peregrinos penitentes. Passou a noite de 24 de Março numa "vigília de armas" em oração.

        De madrugada retira-se para Manresa para uma gruta nos arredores de Barcelona. Em Manresa, Inácio anotou os sentimentos que experimentava durante as orações e esses registros tornaram-se a base de um seu pequeno livro chamado Exercícios Espirituais (foto). A permanência em Manresa foi marcada por julgamentos espirituais e provações que Inácio impunha a si mesmo, assim como por regozijo e iluminação interior. Segudo ele, Deus, em Manresa, o tratou como um professor trata seu aluno: ensinava-o a servir-lhe como ele desejava.

        O peregrino entrega-se a Deus, disposto a seguir suas inspirações a cada momento. Não sabe aonde estas o levarão, mas enquanto não estiver certo de que lhe pede outra coisa, irá a Jerusalém. Até sonhaem morrer lá, como Cristo, anunciando aos infiéis o Evangelho.
 

Iluminação Espiritual

        Numa das grutas, na qual costumava meditar e orar, às margens do rio Cardoner, próximo a Manresa, Inácio experimenta, em Setembro de 1522 a sua mística Igreja Primitiva, como ele a chamava. Certo dia, enquanto estava sentado num dos diques do rio Cardoner, segundo o relata da sua autobiografia "os olhos de seu discernimento começaram a se abrir, sem poder ver qualquer outra coisa, ele compreendeu e conheceu muitas coisas, coisas do espírito e coisas da fé". Tudo lhe pareceu novo e diferente, como se estivesse vendo coisas pela primeira vez. Sob esta luz continua a escrever os Exercícios Espirituais.

        O resultado desse período decisivo foi a resolução de fazer uma peregrinação a Jerusalém. Inácio de Loyola deixou Barcelona em Março de 1523 e, passando por Roma, Veneza e Chipre, atingiu Jerusalém em 4 de Setembro. Ele gostaria de ter-se estabelecido ali permanentemente, mas o superior franciscano que custodiava os santuários da Igreja latina não lhe permitiu seguir seu plano. Depois de visitar Betânia, o Monte das Oliveiras, Belém, o Jordão, o Monte da Quarentena e todos os lugares sagrados do programa preestabelecido aos peregrinos, Inácio deixou a Palestina em 3 de Outubro, voltando por Chipre e Veneza e chegando a Barcelona em Março de 1524..

 

Tempo dos Estudos

        Inácio de Loyola, percebe que era a vontade de Deus que ele não ficasse em Jerusalém. Reflecte "em seu coração sobre o que deveria fazer e finalmente decide dedicar-se por um tempo aos estudos, de forma a estar preparado para salvar almas", escreve na Autobiografia relatando sua decisão de adquirir uma educação tão boa quanto as circunstâncias lhe permitissem. Ele provavelmente poderia ter alcançado o sacerdócio em poucos anos, mas escolhe protelar essa meta por mais de doze anos e passar pela dificuldade de enfrentar uma sala de aulas na idade em que a maioria dos homens já havia terminado a muito tempo sua instrução. Talvez sua carreira militar lhe tenha ensinado o valor que tem a preparação cuidadosa em qualquer empreendimento. De qualquer forma, Inácio está convencido de que um homem bem instruído poderia realizar em curto tempo o que outro sem instrução nunca realizaria.

        Estuda em Barcelona por aproximadamente dois anos. Em 1526 ele se transfere para Alcalá. Durante esse tempo, adquire seguidores, a quem prega suas ideias de piedade e fé e aplica os Exercícios Espirituais, e seu pequeno grupo passa a usar uma vestimenta característico. Mas Inácio logo cai suspeito de heresia, éi aprisionado e julgado. Mesmo tendo sido declarado inocente, ele troca Alcalá por Salamanca. Lá não apenas Inácio é preso, mas todos os seus companheiros. Novamente ele logra obter a absolvição, masé proibido de ensinar até que tivesse terminado os estudos. Essa proibição levou Inácio a deixar seus discípulos e a Espanha.
 

Em Paris

        Inácio chega a Paris em 2 de Fevereiro de 1528, e permanece lá como estudante até 1535. Vive de esmolas e, nos anos de 1528 e 1529, vai a Flanders mendigar dos mercadores espanhóis. Em 1530 vai à Inglaterra com o mesmo propósito. Em Paris, forma um novo grupo de discípulos cujos hábitos de vida provoca tantos e tão efusivos comentários que ele precisa novamente explicar-se às autoridades religiosas. Esse episódio finalmente o convence de que se deveria abster de fazer pregações religiosas públicas até que obtivesse o sacerdócio..

 

                                                                             

 

 

Companhia de Jesus

        Em 24 de Junho de 1537, Inácio e a maior parte de seus companheiros são ordenados sacerdotes. Seguem-se dezoito meses durante os quais eles adquirem experiência no ministério enquanto também dedicam muito tempo às orações. Durante esses meses, apesar de ainda não ter ministrado missa, Inácio tem uma das mais decisivas experiências de sua vida. Ele relata a seus companheiros como, certo dia, durante uma prece na capela de La Storta, perto de Roma, pareceu-lhe ter visto o Cristo com a cruz em seus ombros e, ao lado dele, o Pai Eterno, que disse: "É minha vontade que tomes esse homem como Teu servidor." E Jesus o tomou e disse: "É minha vontade que Nos sirva."

        Em 1539, Inácio e companheiros decidem formar uma união permanente, fazendo um voto de obediência a um superior eleito por eles mesmos, em adição aos votos de pobreza, castidade e obediência ao Sumo Pontífice romano que já haviam feito anteriormente. Em 1540, o Papa Paulo III aprova o plano de uma nova ordem e Loyola foi escolhido entre os companheiros para o cargo de Superior Geral.

        A Companhia de Jesus desenvolve-se rapidamente. Quando Inácio morre, há cerca de mil jesuítas espalhados por doze unidades administrativas, chamadas províncias: três na Itália, três na Espanha, duas na Alemanha, uma na França, uma em Portugal e duas além-mar, na Índia e no Brasil. Nos últimos anos de sua vida, Inácio de Loyola ocupa-se muito com a Alemanha e a Índia, para onde manda seus famosos seguidores Pedro Canisius e Francisco Xavier. Ele também envia missionários para o Congo e para a Etiópia. Em 1546, Inácio de Loyola recebe secretamente Francisco Bórgia na Sociedade, duque de Gandía e vice-rei da Catalônia. Quando esse fato se torna público quatro anos depois, há alguma reação. Bórgia organizou as províncias espanholas e se tornou o terceiro Geral da Ordem.

        Inácio de Loyola deixa sua marca em Roma. Ele funda o Colégio de Roma, embrião da Universidade Gregoriana, e o Germanicum, um seminário para candidatos alemães ao sacerdócio. Ele também estabelece uma casa para auxiliar e salvar as almas de mulheres decaídas e outra para judeus convertidos.


Fonte: jesuitas.org.br/pt

 

 
 

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