Afinal, o que é Espiritismo?
"E, se alguém julga saber alguma cousa, com efeito não aprendeu ainda como convém saber" - (I Coríntios 8.2).
"Julgai todas as cousas, retendo o que é bom" - (I Tessalonicenses 5.21).
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Ainda é muito comum, nos dias actuais, encontrar pessoas
constrangidas ou mesmo aterrorizadas quando ouvem falar de Espiritismo, pois
elas imaginam a acção do Espírito do mal.
Se você pensa assim e acredita que Espiritismo não é uma doutrina cristã,
nós o convidamos a abrir estas páginas.
O objectivo desta obra é dar-lhe uma breve ideia do que é a Doutrina
Espírita. Queremos despertar a sua curiosidade de forma que lhe permita
formar um juízo pessoal, independente de todas as crendices e tolices
oriundas do pensamento dos que nada entendem do assunto.
Não temos a pretensão de ser donos da verdade, pois , acreditamos que nenhum
grupo, religião ou seita detém o privilégio de monopolizá-la.
Com a finalidade de levar um esclarecimento simples e objectivo sobre o
assunto, esta pequena obra foi elaborada na forma de perguntas e respostas
que foram escolhidas visando dissipar dúvidas e preconceitos existentes
entre os que não conhecem a Doutrina Espírita, contribuindo, assim, para o
esclarecimento. Procuraremos fundamentar as ideias em citações bíblicas e de
estudiosos do assunto para melhor entendimento do que pretendemos expor.
"A ignorância dos princípios fundamentais é causa das falsas apreciações da maior parte dos que julgam o que não compreendem, ou que o fazem com base em ideias preconcebidas" - (Allan Kardec)
A BÍBLIA CONDENA A COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS?
Os textos das Sagradas Escrituras são ricos em elementos
necessários para o nosso entendimento das coisas divinas. Como é do
conhecimento de todos, enquanto o Velho Testamento expõe a tradição dos
hebreus, seus mestres, reis e profetas, o Novo Testamento retrata a vida,
obra e ensinamentos do Mestre Jesus. Ele afasta a opressão contida nas leis
civis feitas pelo próprio Moisés e clarifica as leis morais, que são os Dez
Mandamentos, ditados por Deus. Há, no Novo Testamento, a nítida substituição
do olho por olho, dente por dente, pelas mensagens de perdão e de amor a
Deus e ao próximo. Além disso, Jesus veio mostrar que a morte não existe e
que a alma sobrevive ao corpo carnal.
A imortalidade da alma é fato incontestável e definitivamente demonstrado
pelo Mestre quando de Sua passagem pelo planeta.
"Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra viverá" - (João 11:25).
Infelizmente em pleno alvorecer de uma nova era, muitos
homens ainda permanecem atrelados às velhas concepções, com medo da verdade,
receosos de rever conceitos e reestruturar posturas.
Permanecem na superficialidade das coisas, sem compreenderem as verdades que
a Bíblia verdadeiramente ensina, a racionalidade confirma e a própria
ciência já começa a aceitar.
Na Bíblia, a condenação da comunicação com os Espíritos aparece no Velho
Testamento, em citações tais como estas:
"Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis, contaminando-vos com eles: Eu sou o Senhor vosso Deus" - (Levíticos 19.31).
Contudo, no próprio Velho Testamento, a prática da comunicação com os mortos é citada como tendo a aprovação de Moisés.
"Porém no arraial ficaram dois homens; o nome de um era
Eldade, e o nome do outro Medade; E repousou sobre eles o Espírito
(porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram à tenda), e
profetizavam no arraial.
Então correu um moço, e o anunciou a Moisés, e disse: Eldade e Medade
profetizam no arraial. E Josué, filho de Num, servidor de Moisés, um dos
seus mancebos escolhidos, respondeu, e disse: Senhor meu, Moisés,
proíbe-lho.
Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes de mim? Oxalá todo o Povo do Senhor
fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito!
Depois Moisés se recolheu ao arraial, ele e os anciãos de Israel" - (Números
11.26-30).
Jesus, no Novo Testamento, não só não condena a comunicação com os mortos, como a pratica e confirma.
"Seis dias depois, toma Jesus consigo a Pedro, e a Tiago,
e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte,
E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as
suas vestes se tornaram brancas como a luz.
E eis que lhes aparecerem Moisés e Elias, falando com ele" - (Mateus
17.1-3).
Um dos pontos em que se fundamentam os que condenam tais
práticas é a palavra de Moisés no Velho Testamento. Necessário analisarmos a
questão à luz da razão.
Se as leis civis de Moisés utilizadas para o controle do povo judeu, como a
condenação da comunicação com os Espíritos, devem ser obedecidas na
actualidade, então por que não devemos também apedrejar adúlteras ou cortar
as mãos dos ladrões como tais leis também exigem? Evidente que seria um
contra-senso para os dias actuais.
Além do mais, há que se considerar as razões pelas quais o legislador hebreu
determinou tal lei. Ele necessitava de mais rigor para disciplinar um povo
naturalmente rebelde e distante das coisas divinas.
Moisés precisou coibir tal coisa, porque a prática da consulta aos mortos
tinha se tornado uma constante entre o povo e naturalmente o abuso deu vazão
a toda sorte de problemas decorrentes dos aproveitadores da ignorância
humana. E depois, convenhamos: se ele proibiu a evocação dos mortos,
certamente era porque eles poderiam vir até nós.
Por outro lado, há no Velho como no Novo Testamento, inúmeras citações de
claras situações onde se praticava com muita naturalidade a evocação dos
Espíritos. E isto é completamente desconsiderado pelos que condenam a
Doutrina Espírita. Se as Escrituras funcionam como autoridade nesse campo,
porque não o é em outros?
O que não pode ser aceito pelo homem da actualidade é que seja feito um
julgamento (e condenação) de uma religião ou crença, baseado na parcialidade
da Lei com propósitos de conveniência. A verdade não tem diferentes faces e
o verdadeiro cristão deve seguir o modelo de Jesus e se espelhar nos seus
ensinamentos, vivenciando o amor e respeito aos seus semelhantes.
A REENCARNAÇÃO ESTÁ NA BÍBLIA?
Diversas passagens de maneira clara ou indirecta, contidas nos ensinamentos de Jesus e dos profetas, mostram que a reencarnação está na Bíblia:
"Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te
digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Por ventura
pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da
água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem
para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.
Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso?
Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?
Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos
o que vimos: e não aceitais o nosso testemunho.
Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar
das celestiais?" - (João 3.3-12).
"Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o
dia grande e terrível do Senhor;
E converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus
pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição" - (Malaquias
4.5-6).
"E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo:
A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja ressuscitado dos
mortos.
E os discípulos o interrogaram, dizendo: porque dizem então os escribas que
é mister que Elias venha primeiro?
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro e
restaurará todas as coisas;
Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o
que quiseram. Assim farão eles também padecer o filho do homem.
Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista" - (Mateus
17.9-13).
"Porque, eu te peço, pergunta agora às gerações passadas, e prepara-te para a inquirição de seus pais. Porque nós somos de ontem, e nada sabemos, porquanto nossos dias sobre a terra são como a sombra" - (Jó 8.8-9).
"Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer" - (I Coríntios 15.35-36).
A reencarnação não foi inventada pelo Espiritismo. Ela
consta nos princípios de diversas religiões orientais desde a mais remota
antiguidade. E como mostra as citações acima, ela está explícita ou
implicitamente contida na Bíblia, sendo necessárias as mais fantasiosas
explicações para colocar ali outro sentido que não as múltiplas experiências
na carne.
Racionalmente não há como negar a reencarnação. Se tivéssemos apenas uma
oportunidade de vida terrena, a justiça de Deus seria incompreensível. O
Pai, em sua imensa sabedoria, criou seus filhos em igualdade de condições e
deu a eles igualmente as mesmas oportunidades de crescimento. Não fosse
assim teríamos que admitir um Deus parcial, intolerante, injusto e severo,
que permitiria todas as misérias e desigualdades sempre existentes no mundo,
aquinhoando uns e castigando outros a seu bel prazer.
A pluralidade das existências é, pois, necessária ao aprimoramento das
qualidades do ser imortal e para bem entender a justiça de Deus. Só pelas
múltiplas oportunidades de vida poderemos compreender o amor do Criador por
suas criaturas. Ele permite o aprendizado na carne para a conquista da
verdadeira morada , a vida espiritual, através do esforço de cada um em
vencer suas más tendências para atingir a plenitude, a perfeição.
Somos todos seres atrelados às leis divinas que regem o universo, quer
acreditemos ou não. Uma delas é a lei de evolução dos seres. Seria
insensatez supor que em apenas uma existência terrena, atingiremos a tão
sonhada perfeição de que nos fala o Mestre em Mateus, capítulo V, versículos
44-48:
"Sede vós logo perfeitos, assim como vosso Pai Celestial é perfeito".
"Somente a reencarnação pode dizer ao homem de onde ele vem, para onde vai, por que se encontra na Terra e justificar todas as anomalias e todas as injustiças aparentes da vida" - (Allan Kardec).
"Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens" - (I Coríntios 15.19).
O QUE É ESPIRITISMO E QUAIS SÃO SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS?
O termo "Espiritismo" é sinónimo de Doutrina Espírita,
porém, frequentemente, é utilizado erroneamente para designar qualquer
prática do mediunismo (comunicação com os Espíritos), ou confundido com
cultos afro brasileiros (Umbanda, Candomblé, entre outros).
O Espiritismo é uma doutrina que trata da natureza, da origem e do destino
dos Espíritos e de suas relações com a vida material. Foi revelada por
Espíritos Superiores e codificada (organizada) em 1857 por um professor
francês conhecido como Allan Kardec.
Surgiu, pois, na França, há mais de um século. Traz em si três faces:
filosofia, ciência e religião (moral).
Os adeptos da Doutrina Espírita são os espíritas e suas práticas se baseiam
no estudo das obras básicas da Codificação e na assistência material e
espiritual aos necessitados.
O Espiritismo possui cinco princípios básicos, de onde procedem todas as
suas práticas:
1 - A existência do Espírito e sua sobrevivência após a morte.
"Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a
Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular ao alto monte,
E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e os
seus vestidos se tornaram brancos como a luz.
E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele" - (Mateus
17.1-3).
Veja também: I Pedro 3.19-20 - I Pedro 4.6 - Marcos 12.26-27 e Romanos 11.15.
2 - A reencarnação.
"Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João.
E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça" - (Mateus 11.13-15).
Veja também Mateus 17.9-13 e João 3.3-13
3 - A lei de causa e efeito.
"Então Jesus disse-lhe: Enfia no seu lugar a tua espada; porque todos que lançarem mão da espada à espada morrerão" - (Mateus 26.52).
"Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso também ceifará" - (Gálatas 6.7).
Veja também: Mateus 18.7
4 - A comunicação entre o mundo material e espiritual.
"E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu
Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas
filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visão, e os vossos velhos
sonharão sonhos;
E também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas
naqueles dias, e profetizarão;" - (Atos 2.17-18).
"E disse-me o Espírito que fosse com eles, nada duvidando; e também estes seis irmãos foram comigo, e entramos em casa daquele varão;" - (Atos 11.12).
Veja também: Mateus 17.1-3 - I Samuel 28.11-20 e Números 11.26-30
5 - A evolução progressiva dos Espíritos.
"Um semeador saiu a semear a sua semente, e, quando
semeava, caiu alguma junto do caminho, e foi pisada, e as aves do céu a
comeram;
E outra caiu sobre pedra, e, nascida, secou-se, pois que não tinha humidade;
E outra caiu entre espinhos, e crescendo com ela os espinhos, a sufocaram;
E outra caiu em boa terra, e, nascida, produziu fruto, cento por um. Dizendo
ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
E os seus discípulos o interrogavam, dizendo: Que parábola é esta?
E ele disse: A vós vos é dado conhecer os mistérios de Deus, mas aos outros
por parábolas, para que, vendo, não vejam, e, ouvindo, não entendam.
Esta é pois a parábola. A semente é a palavra de Deus;
E os que estão junto do caminho, estes são os que ouvem; depois vem o diabo
e tira-lhes do coração a palavra, para que se não salve, crendo;
E os que estão sobre pedra, estes são os que, ouvindo a palavra, a recebem
com alegria, mas, como não têm raiz, apenas crêem por algum tempo, e no
tempo da tentação se desviam;
E a que caiu entre os espinhos, esses são os que ouviram, e, indo por
diante, são sufocados com os cuidados, e riquezas e deleites da vida, e não
dão fruto com perfeição;
E a que caiu em boa terra, esses são os que, ouvindo a palavra, a conservam
num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança" - (Lucas 8.5-15).
Veja também: Génesis 28.12
Tais princípios estão contidos na Bíblia e nas cinco obras básicas da Codificação, que os analisa de maneira racional e interessante. São elas:
- O LIVRO DOS ESPÍRITOS (1857). Obra de carácter filosófico. É considerado a espinha dorsal do Espiritismo, já que todas as outras obras partem de seus princípios.
- O LIVRO DOS MÉDIUNS (1861). Demonstra as consequências morais e filosóficas decorrentes das relações entre o mundo material e espiritual.
- O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO (1864). Parte religiosa e moral da Doutrina Espírita. Ensina a moral cristã através de comentários sobre as principais passagens da vida de Jesus Cristo.
- O CÉU E O INFERNO (1865). Allan Kardec apresenta a verdadeira face do desejado Céu, do temido Inferno, como também do chamado Purgatório. Põe fim às penas eternas, demonstrando que tudo no universo evolui.
- A GÉNESE (1868). Mostra como foi criado o mundo, como apareceram as criaturas e como é o Universo. É a parte científica da Doutrina. Explica a Criação, colocando a Ciência e a Religião face a face.
ESPIRITISMO E ESPIRITUALISMO SÃO A MESMA COISA?
Espiritualismo é o oposto do materialismo. Este, como se
sabe, é o grande móvel da derrocada do homem, com sua doutrina imediatista,
egoísta e exclusivismo. Todas as religiões que acreditam existir no homem
uma individualidade (alma ou Espírito) que sobrevive à morte do corpo carnal
são espiritualistas. Entretanto, nem todo espiritualista é espírita.
O Espiritismo, como já citamos, também acredita na sobrevivência do Espírito
e sua comunicação com o mundo material, contudo, tem sua base científica,
filosófica e religiosa (moral) pautada na Codificação de Allan Kardec e no
Evangelho de Jesus Cristo. Portanto tem um corpo doutrinário filosófico
organizado, utilizado por seus adeptos em suas vidas quotizavas e nas
sociedades espíritas.
COMO O ESPIRITISMO EXPLICA O CÉU, O INFERNO E PURGATÓRIO?
Segundo o Espiritismo, as virtudes são eternas e os defeitos temporários. O objectivo da criatura é trabalhar incessantemente pela abolição das imperfeições e aquisição dos valores morais que eleva progressivamente o Espírito ao bem, ou à conquista do chamado "céu". Por acreditar que o mundo espiritual é a verdadeira morada, só aqueles que se elevam ao bem habitam as regiões celestiais ditas paraíso onde, diferente de outras religiões, o Espiritismo acredita habitarem Espíritos que trabalham na edificação do mundo novo. Na verdade, o céu não se trata de um lugar demarcado, mas de um estado de perfeição espiritual conquistado individualmente pelo Espírito, através de seu constante esforço. O que vale dizer que uns apressam e outros retardam seu próprio progresso.
"Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras" - (Mateus 16.27).
"A felicidade suprema é prémio exclusivo dos Espíritos perfeitos ou puros. Eles a atingem só depois de haver progredido em inteligência e moralidade" - (Allan Kardec).
Deus em sua perfeição suprema, sendo a concepção da
bondade e da caridade, só pode ter criado os Espíritos para um dia
usufruírem da sua glória, e não para condená-los a sofrimentos eternos. É
lógico concluir que as penas eternas são incompatíveis com a justiça do Pai.
A criação do inferno cristão se origina das concepções pagãs das penas e
gozos eternos, com uma grande dose de exagero. Deus condenaria sem piedade
seus filhos maus a expiarem para sempre em regiões de dores e sofrimentos
terríveis. Entretanto, em sua doutrina, Jesus nos trouxe um ensinamento
contrário a esse pensamento :
"...Ou qual de vós, porventura, é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, porventura, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Pois se vós outros, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos Céus, dará boas dádivas aos que lhas pedirem" (Mateus - 7.11).
Portanto Deus, em sua infinita bondade e justiça, jamais
condenaria seus filhos às penas eternas. Ao contrário, dá tantas
oportunidades quantas precisamos para nosso crescimento espiritual.
O inferno, ou trevas segundo a Doutrina Espírita, é um estado de consciência
compartilhado por aqueles cujos defeitos e sentimentos ruins predominam em
suas personalidades, que se inclinam ao mau e nele se comprazem. São apenas
irmãos imperfeitos e ignorantes, que têm o inferno dentro de suas próprias
consciências e que, através de novas oportunidades dadas pelo Pai Celestial,
através de sucessivas experiências encarnatórias também alcançarão a
perfeição.
"E Ele lhes propôs esta parábola, dizendo: Que homem
dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as
noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la?
E, achando-a, a põe sobre seus ombros, gostoso;
E, chegando a casa convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos
comigo, porque já achei a minha ovelha perdida.
Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende,
mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento"
- (Lucas 15.3-7).
"Assim também não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca" - (Mateus 18.14).
O chamado purgatório, por sua vez, é uma condição de
sofrimento temporário para as almas que necessitam da conscientização de
seus erros e ali permanecem até o arrependimento destes. Esta ideia é
defendida por várias religiões, inclusive o Espiritismo, com alusão ao fato
de que a permanência neste estado espiritual é mais ou menos longa, de
acordo com a necessidade individual de cada Espírito sofredor. Conhecido
como umbral na Doutrina Espírita, o purgatório é também um estado de
espírito e não um local definido ou circunscrito onde habitam eternamente os
Espíritos sofredores.
Analisando a questão por outro aspecto e levando-se em consideração que
somos seres imortais trabalhando constantemente pela depuração do Espírito,
pode-se compreender que cada reencarnação em mundos de provas e expiações,
como a Terra por exemplo, funciona como uma "purgação" para o Espírito que
almeja sempre sua felicidade em condições melhores.
"O purgatório não é, portanto, uma ideia vaga e incerta: é uma realidade material que vemos, tocamos e sofremos. Ele se encontra nos mundos de expiação e a Terra é um deles. Os homens expiam nela o seu passado e o seu presente em benefício do seu futuro" (Allan Kardec).
"Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o
Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.
O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a tem por tardia; mas
é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, se não que
todos venham a arrepender-se" - (II Pedro 3.8-9).
O ESPIRITISMO COLOCA O HOMEM SOB A INFLUÊNCIA DOS DEMÓNIOS?
Só o preconceito pode justificar essa afirmativa. Afinal,
como uma doutrina embasada no Evangelho de Jesus pode ligar alguém a
demónios?
O Espiritismo não veio criar uma nova moral, mas sim facilitar aos homens a
compreensão e a prática da moral do Cristo, ao dar uma fé sólida, racional e
esclarecida aos que buscam a verdade. Prega que o homem de bem, o verdadeiro
cristão, é aquele que pratica a lei de justiça, amor e caridade em sua
plenitude. Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e
pelos esforços que faz em dominar suas más inclinações.
O Espiritismo nos ensina que Deus, na sua bondade e sabedoria infinitas, não
criou seres voltados ao mal por toda a eternidade. Há Espíritos ignorantes e
imperfeitos que nos inflamam más paixões e nos induzem ao mal, assim como os
bons podem nos influenciar para o bem.
O diabo é a representação alegórica do mal, que resume em si todas as
mazelas dos Espíritos imperfeitos. São os chamados demónios, que nada mais
são que Espíritos ignorantes e imperfeitos, ainda distantes do bem, que
diante de corações impuros e preconceituosos, se comprazem com eles e lhes
induzem ao erro, promovendo-lhes más ideias e julgamentos. Esses Espíritos
não são património do Espiritismo e, como os bons, também podem estar em
todo lugar, podendo ser atraídos por todos os que se afinizam com seus
propósitos.
Lembramos que o próprio Jesus foi citado por seus inimigos de ser possuído
por demónios, por falar de uma doutrina contrária aos valores vigentes.
Contudo suas obras evidenciaram sua grandeza. É dele mesmo a afirmação de
que cada árvore é conhecida pelo seu fruto e o fruto da Doutrina Espírita é
evidenciado pelas suas boas obras. A maior e mais importante obra do
Espiritismo é transformação da criatura através do estímulo ao auto
conhecimento, retirando o homem do estado de ignorância em que se encontra,
instruindo-o ao nível da luz.
"Mas alguns deles diziam: Ele expulsa os demónios por
Belzebu, príncipe dos demónios.
E outros, tentando-o, pediam-lhes um sinal do céu.
Mas, conhecendo Ele os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino, dividido
contra si mesmo, será assolado; e a casa, dividida contra si mesma, cairá.
E se também Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu
reino? Pois dizeis que eu expulso os demónios por Belzebu.
E, se eu expulso os demónios por Belzebu, por quem os expulsam vossos
filhos? Eles pois serão os vossos juízes.
Mas, se eu expulso os demónios pelo dedo de Deus, certamente a vós é chegado
o reino de Deus" - (Lucas 11.15-20).
Veja também: Mateus 9.34 - Mateus 11.18 - Mateus 12.33 - Marcos 3.22.
POR QUÊ CONFUNDEM ESPIRITISMO COM UMBANDA?
A Umbanda é um culto religioso respeitado pelos espíritas como todos os outros o são, até mesmo porque está amparado no princípio geral da liberdade de crença contido na Constituição do Brasil. Contudo, ela não é Espiritismo. Seu acervo de símbolos, objectos, instrumentos, práticas, etc, não se ajustam de maneira alguma à Doutrina Espírita. Aqueles que confundem Umbanda com Espiritismo se apegam às seguintes afirmações: a Umbanda é espiritualista, rende culto a Deus, fundamenta-se em fenómenos produzidos por Espíritos desencarnados, aceita a reencarnação e faz caridade. Todavia, a Umbanda tem culto material, rituais, vestimentas específicas, imagens, altares, pontos riscados e denominações totalmente especiais para médiuns (cavalos) e Espíritos (exús, pretos-velhos, caboclos, ibegis), que não existem no Espiritismo. Além dessas abismais diferenças, a Umbanda não se rege pela Codificação de Allan Kardec. Portanto, está claro que embora espiritualista e ter características mediúnicas, a Umbanda não constitui variante nem modalidade do Espiritismo. Essa confusão se dá pelo desconhecimento do que seja a Doutrina Espírita e consequente interpretação errónea dos fenómenos da mediunidade.
O ESPIRITISMO FAZ MACUMBA, DESPACHO OU QUALQUER OUTRO RITUAL?
O Espiritismo não tem culto material e nem tem rituais,
não prescreve qualquer vestimenta, nem função sacerdotal, não usa imagens,
nem faz sacrifícios de animais ou seres humanos, não tem símbolos ou sinais
cabalísticos, não faz cerimónias matrimoniais, ou de baptismo, nem
exorcismo. Resumindo, a Doutrina Espírita tendo como principal objectivo o
cultivo dos valores do Espírito é totalmente isenta de atos exteriores. Sua
nomenclatura se baseia nas obras da Codificação e suas práticas mediúnicas
são executadas dentro de um ambiente evangélico de harmonia e oração, sem
qualquer culto exterior ou movimentos e palavreado estereotipados. Suas
reuniões mediúnicas são fechadas ao público e conduzidas com rigor, onde não
existem velas, cantos, danças, cigarro bebida ou cobrança de taxas.
Compreende-se, portanto, que qualquer culto que contenha tais práticas, não
pode e não deve receber a designação de espírita.
"Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" - (João 4.24).
"Amados não deis crédito a qualquer Espírito. Antes, provai os Espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora" - (I João 4.1).
"E não consentia que alguém levasse algum vaso pelo
templo.
E os ensinava, dizendo: Não está escrito - A minha casa será chamada por
todas as nações casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões.
E os Escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam
ocasião para o matar; pois eles o temiam, porque toda multidão estava
admirada acerca da sua doutrina" - (Marcos 11.16-18).
"Porque eu quero misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que o holocausto" - (Oséias 6.6).
O ESPIRITISMO FAZ USO DE BOLA DE CRISTAL, PRATICA QUIROMANCIA, ASTROLOGIA, HIPNOTISMO, MAGIA OU PARAPSICOLOGIA?
Dentre uma série de práticas rotuladas erroneamente como
espíritas, estão estas e também outras como a terapia regressivas a vidas
passadas (TRVP), a transcomunicação instrumental (TCI), a cristalterapia , a
cromoterapia, ufologia etc. A maioria delas não possue fundamentação
doutrinária lógica, e não encontram respaldo nas obras de Allan Kardec,
portanto, não são práticas espíritas.
Qualquer Centro Espírita que se utilize de tais práticas está se desviando
dos seus verdadeiros e nobres objectivos.
As notícias frequentemente veiculadas pela mídia em geral, de que os
espíritas previram o futuro, fizeram oferendas a Iemanjá, estão ligados a
culto demoníaco, dentre outras, comprovam o desconhecimento que existe sobre
a Doutrina Espírita, apesar da sua actual expansão e crescente número de
adeptos. O Espiritismo não é responsável pelos que abusam do seu nome e o
exploram.
Assim como a ciência médica não o é pelos charlatões que vendem suas drogas
ou como a religião também não o é pelos sacerdotes que abusam do seu
ministério.
"Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam
disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores.
Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos
espinheiros ou figos dos abrolhos?" - (Mateus7.15-16).
"Se alguém ensina alguma doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, É soberbo, e nada sabe mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfémias, ruins suspeitas" - (I Timóteo 6.3-4).
"Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, por que bom é que o coração se fortifique com graça, e não com manjares, que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram" - (Hebreus 13.9).
POR QUÊ ALGUMAS RELIGIÕES COMBATEM TANTO O ESPIRITISMO?
Não há razões sensatas para o combate a uma doutrina que
segue o Evangelho de Jesus Cristo, baseada no bem e no amor a Deus e ao
próximo, discordante apenas das convicções filosóficas de algumas outras. A
intolerância religiosa é marca dos falsos profetas, ignorantes na carne e no
espírito, fruto das ideias preconcebidas e da presunção de serem donos da
verdade. O combate ao Espiritismo se deve ao desconhecimento das suas ideias
e à confusão que é semeada no meio, por aqueles que não se dispõem a
examiná-las com racionalidade. Contudo, a Doutrina do Cristo frutificou
apesar da falsa interpretação e oposição daqueles que não a compreendiam.
Se as pessoas que detratam o Espiritismo seguissem o ensinamento do Apóstolo
Paulo, quando nos exorta a examinar tudo e reter o que é bom, certamente
teriam outro posicionamento diante de determinadas ideias que repudiam sem
conhecimento de causa. Se Jesus e seus discípulos recuassem diante dos
inimigos de sua doutrina, o mundo hoje estaria órfão desse código de conduta
que norteia a humanidade.
"Há verdadeiramente duas coisas diferentes: saber e crer que se sabe. A ciência consiste em saber; em crer que se sabe reside a ignorância" - (Hipócrates).
"E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e
deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará.
Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la; para que não aconteça serdes
também achados combatendo contra Deus" - (Atos 5.38-39).
"Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da
justiça, porque deles é o reino dos Céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo,
disserem, todo o mal contra vós, por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o nosso galardão nos céus; porque
assim perseguiram os profetas que foram antes de vós" - (Mateus 5.10-12).
EXISTE ESPIRITISMO DE MESA BRANCA?
A Doutrina Espírita não comporta nenhuma ramificação. Como já explicado, por suas convicções dispensa qualquer ritual ou aparato. A designação popular de mesa branca pode ter advindo do fato de que as reuniões mediúnicas espíritas ocorrem, para simples acomodação, com os participantes dispostos ao redor de uma mesa, algumas vezes, com uma toalha branca recoberta sobre ela, o que é absolutamente dispensável. Como tais reuniões tem carácter íntimo e privado, disciplinado e beneficente, o termo mesa branca surgiu para diferenciar o Espiritismo de outros cultos, sendo este termo utilizado popularmente também como sinónimo de Kardecista. Trata-se de um equívoco generalizado, uma vez que só há um Espiritismo (termo criado pelo próprio Allan Kardec) e este não adopta práticas exteriores para ser diferenciado. Assim , nem mesa branca, alto ou baixo Espiritismo, Espiritismo elevado etc, são sinónimos de Doutrina Espírita.
OS ESPÍRITOS PODEM INTERFERIR EM NOSSAS VIDAS?
Allan Kardec perguntou aos Espíritos Superiores (pergunta 459 do L.E.) sobre esta questão e a resposta é clara e precisa: "Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito frequentemente são eles que vos dirigem".
Os Espíritos actuam frequentemente sobre o nosso
pensamento, dando-nos sugestões mais ou menos sensatas, boas ou más segundo
sua natureza. Quando desencarnados, os Espíritos continuam com seus vícios
ou virtudes e são bons ou maus, sérios ou brincalhões, trabalhadores ou
preguiçosos, cultos ou medíocres, verdadeiros ou mentirosos, e estão por
toda parte. Sendo assim, facilmente nos influenciam o pensamento e acções, e
dependendo de nossa condição moral, recebemos boas ou más influências, pela
sintonia que se estabelece entre os dois planos da vida. Aqueles providos de
virtudes facilmente poderão ser auxiliados pelos bons Espíritos, ao
contrário dos indivíduos voltados às paixões vulgares.
Nos textos bíblicos encontramos uma série de citações que nos falam dessa
realidade. Eis alguns:
"E, pensando Pedro naquela visão, disse-lhe o Espírito: Eis que três varões te buscam. Levanta-te pois, e desce, e vai com eles, não duvidando, porque eu os enviei" - (I Atos 10.19-20).
"Quando o Espírito imundo tem saído do homem, anda por
lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha
casa donde saí.
E, chegando, acha-a varrida e adornada.
Então vai, e leva consigo outros sete Espíritos piores do que ele, e,
entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o
primeiro" - (Lucas 11.24-26).
COMO NOS LIVRAMOS DAS INFLUÊNCIAS NEGATIVAS?
Toda moral de Jesus se resume na caridade e na humildade,
sentimentos contrários ao egoísmo e ao orgulho, fontes das más inclinações.
Em todos os ensinamentos do Mestre, as virtudes são apontadas como o caminho
para a paz espiritual e a felicidade eterna. Sabendo-se que os Espíritos
aliam-se a nós pela afinidade de pensamentos e sentimentos, o cultivo dos
bons pensamentos, o esforço para melhoria íntima e a prática da caridade
aliados à oração, dificultam muito ou até mesmo impossibilitam o acesso dos
maus Espíritos ao nosso pensamento.
A doutrina de Jesus tem como objectivo levar o ser ao entendimento de sua
condição de Espírito imortal, fadado à perfeição. Através do auto
conhecimento, trabalhando incessantemente para exterminar vícios e adquirir
virtudes, poderemos nos livrar com mais facilidade das más companhias
espirituais.
"Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o Espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca" - (Marcos 14.38).
"Por isso vos digo que tudo que pedirdes, orando, crede
que o recebereis, e tê-lo-eis;
E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém,
para que vosso Pai, que está nos Céus vos perdoe as vossas ofensas;
Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai que está nos Céus, vos não
perdoará vossas ofensas" - (Marcos 11.24-26).
O QUE É MEDIUNIDADE?
É uma faculdade natural de toda criatura viva. Podemos
dizer que é um canal psíquico que todos possuem e que liga o Espírito
encarnado ao mundo invisível. É, portanto, através da mediunidade que os
encarnados recebem a influência dos desencarnados, funcionando como uma
ponte entre os dois planos.
Embora seja faculdade comum a todos as criaturas, em alguns indivíduos ela
se encontra mais exacerbada, sendo capaz de produzir fenómenos ostensivos
como a profetização, a psicografia e os efeitos físicos.
Sendo uma faculdade orgânica, não depende da qualidade moral de quem a
possui. Isso faz com que haja uma grande diversidade no uso que se faz dela,
existindo tanto aqueles que a utilizam para o bem, como para fins ilícitos,
inclusive os comerciais.
"Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes" - (I Coríntios 12.1).
"Todas as nossas faculdades são favores que devemos agradecer a Deus, pois há criaturas que não as possuem. Podias perguntar porque Deus concede boa visão a malfeitores, destreza aos larápios, eloquência aos que só a utilizam para o mal. Acontece o mesmo com a mediunidade. Criaturas indignas a possuem porque dela necessitam mais do que as outras, para se melhorarem" - (Livro dos Médiuns - Questão 226).
O QUE É MÉDIUM?
Se todos são dotados desse canal psíquico por onde
recebem influência espiritual, logo todas as pessoas são médiuns. Há
aqueles, contudo, com uma capacidade ostensiva de receber e transmitir
comunicações de Espíritos, actuando como intermediários ou como agentes das
manifestações dos Espíritos. Estes são dotados de mediunato, uma faculdade
especial, susceptível de desenvolvimento, e que, quando bem direccionada,
pode ser utilizada como um importante meio que os Espíritos superiores
utilizam para edificar o ser ao nível do entendimento.
Segundo sua aptidão, o médium pode exercer sua tarefa em uma das muitas
variedades de mediunidade, como por exemplo escreventes ou psicógrafos,
falantes, de efeito físico, videntes, curadores, entre outros.
A pessoa dotada deste dom divino, tem a obrigação de se instruir sobre ele a
fim de colocá-lo a serviço da obra do Senhor. A mediunidade só tem sentido
quando praticada com essa finalidade.
"Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o
que for útil.
Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo
Espírito, a palavra da ciência;
E a outro, pelo mesmo Espírito a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons
de curar;
E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de
discernir os Espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a
interpretação das línguas" - (I Coríntios 12.7-10).
A MEDIUNIDADE FOI INVENTADA PELO ESPIRITISMO?
A mediunidade, tampouco os médiuns, são privilégios do
Espiritismo ou foram inventados por ele. A mediunidade sempre existiu, uma
vez que sempre existiram os planos material e espiritual. A própria Bíblia
refere-se às suas manifestações em diversas de suas passagens, assim como é
identificada nas práticas de muitas religiões da actualidade, embora com
outros nomes.
O Espiritismo simplesmente trouxe os ensinamentos capazes de nos orientar a
tirar melhor proveito da mediunidade, no sentido de fazer dela um
instrumento moralizador e de libertação dos Espíritos. É uma fonte material
que prova a sobrevivência da alma após a morte, ampliando nossos
conhecimentos acerca dos ilimitados horizontes espirituais. Sua prática não
tem como meta apenas a produção de fenómenos destinados a despertar os
incrédulos ou curar suas enfermidades espirituais ou carnais; serve para
alertar o ser humano de sua necessidade de despertar para o sentido
verdadeiro da vida. Quando bem utilizada é uma importante alavanca para a
evolução espiritual.
"Então disse Saul aos seus criados: Buscai-me uma mulher
que tenha o Espírito de adivinha, para que vá a ela e a consulte. E os seus
criados lhe disseram: Eis que em Endor há uma mulher que tem o Espírito de
adivinhar.
E Saul se disfarçou e vestiu outros vestidos, e foi ele, e com ele dois
homens, e de noite vieram à mulher; e disse: Peço-te que me adivinhes pelo
Espírito de adivinha, e me faças subir a quem eu te disser.
Então a mulher lhe disse: Eis aqui tu sabes o que Saul fez, como tem
destruído da terra os adivinhos e os encantadores; porque, pois, me armas um
laço a minha vida, para me fazer matar?
Então Saul lhe jurou pelo Senhor, dizendo: Vive o Senhor, que nenhum mal te
sobreviverá por isso. A mulher então lhe disse: A quem te farei subir? E
disse ele: Faz-me subir a Samuel.
Vendo, pois, a mulher a Samuel, gritou em alta voz; e a mulher falou a Saul,
dizendo: Por que me tens enganado? Pois tu mesmo és Saul.
E o rei lhe disse: Não temas; porém que é o que vês? Então a mulher disse
Saul: Vejo deuses que sobem da terra.
E lhe disse: Como é a sua figura? E disse ela: Vem subindo um homem ancião,
e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o
rosto em terra, e se prostrou" - (I Samuel 28.7-14).
O QUE É REUNIÃO MEDIÚNICA OU SESSÃO ESPÍRITA?
O Espiritismo nos ensina que as comunicações inteligentes
ocorrem por uma ação do Espírito sobre o médium, devido a uma afinidade ou
sintonia entre o pensamento de ambos. Tais comunicações podem ser realizadas
espontaneamente ou por meio das evocações dos Espíritos e, como já citado,
tem carácter privado e moralizador. Através da comunicabilidade
estabelecem-se as condições para se consolar os Espíritos sofredores,
desvendar os laços entre aqueles que se odeiam e se acham perturbados e
ainda receber orientações dos bons Espíritos. Estas práticas são realizadas
nas chamadas reuniões mediúnicas, ou sessões espíritas, conduzidas de acordo
com a disciplina da Codificação Kardequiana e com o Evangelho de Jesus, com
o máximo de simplicidade, seriedade e preferencialmente, nos Centros
Espíritas. Dela participam médiuns e orientadores, estes últimos denominados
dirigentes da reunião, que são incumbidos da interpretação das comunicações
e orientação dos médiuns e Espíritos.
Uma reunião mediúnica séria e confiável é aquela onde prevalecem os bons
sentimentos, a harmonia e homogeneidade de pensamentos entre a equipe de
trabalho. É prudente ter cautela com aquelas que não obedecem certos
critérios de disciplina, que não valorizam o estudo, tampouco se preocupam
com a moralização dos médiuns.
"Se o médium é de baixa moral, os Espíritos inferiores se agrupam em torno dele e estão sempre prontos a tomar o lugar dos bons Espíritos a que ele apelou. As qualidades que atraem de preferência os Espíritos bons são: a bondade, a benevolência, a simplicidade de coração, o amor ao próximo, o desprendimento das coisas materiais" - ( Allan Kardec).
"Que fareis, pois irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de
vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação.
Faça-se tudo para edificação.
E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois, ou quando muito
três, e por sua vez, e haja intérprete.
Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, fale consigo mesmo e
com Deus.
E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
Mas se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cala-se o
primeiro.
Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos
aprendam, e todos sejam consolados" - (I Coríntios 14.26-31).
TODOS OS QUE LIDAM COM ESPÍRITOS SÃO ESPÍRITAS?
Sabendo-se que os Espíritos estão por toda parte e que a
mediunidade é uma faculdade inerente a qualquer pessoa, é evidente que nem
todos os que lidam com Espíritos são espíritas. As pessoas que assim pensam
têm total desconhecimento do que é o Espiritismo.
Esse falso julgamento faz com que as pessoas tenham uma ideia errónea do que
seja a Doutrina Espírita e dela se afastem sem buscar conhecê-la.
PARA SER ESPÍRITA TEM QUE RECEBER ESPÍRITOS?
Espírita é aquele que crê, estuda e segue a Doutrina
Espírita. É reconhecido pelo esforço que faz em aprimorar-se dentro dos
princípios cristãos, não tendo necessariamente que trabalhar com a
mediunidade.
A faculdade mediúnica como missão, ou mediunato, como todas as demais
faculdades, não deve ser imposta. Uma vez detectada e em acordo com o desejo
do médium, deve ser desenvolvida em sessões espíritas apropriadas, com
dedicação sincera e humildade, para ser verdadeiramente produtiva. O
espírita pode servir em muitas outras frentes de trabalho que nada tem a ver
com a mediunidade, buscando, contudo, em todas as oportunidades fazer o
melhor possível.
OS ESPÍRITOS PODEM REALIZAR CIRURGIAS OU TRATAMENTOS DE CURA ATRAVÉS DE MÉDIUNS?
O funcionamento do organismo humano está subordinado a
uma direcção espiritual, uma vez que a saúde ou a enfermidade reflecte o
panorama interior do Espírito. Disso se conclui que a alma retém todos os
recursos curadores definitivos.
Todos somos dotados de uma energia, um magnetismo ou fluido natural,
específico, denominado fluido vital. É o princípio da vida material e pode
ser de melhor ou pior qualidade dependendo da ação de nosso pensamento sobre
ele. Tal fluido tem a capacidade de actuar na intimidade celular, alterando
as estruturas moleculares. Fazendo parte da estrutura orgânica do ser, pode
ser doado ou recebido por intermédio da nossa vontade. Algumas pessoas não
têm a capacidade de secar uma planta ou adoecer uma criança através de um
simples olhar mal intencionado? Outros não nos dão a sensação de bem estar
apenas nos tocando ou olhando? São fenómenos naturais da emanação do fluido
vital e fonte de muito conhecimento ainda obscuro no campo da ciência
oficial.
Tal fluido, vindo do médium, pode ter sua capacidade voltada para a cura,
quando auxiliado por um bom Espírito. Ambos podem dar-lhe um determinado fim
que o faz adquirir propriedades novas, facultando-lhe a possibilidade de
substituir moléculas doentes por sadias, proporcionando assim a cura das
enfermidades físicas. Desta forma é que ocorrem as cirurgias ou tratamentos
espirituais, que se utilizam destes fluidos com capacidade curadora através
das qualidades morais que lhe são impostas.
Tais procedimentos podem ser realizados pela simples imposição das mãos, ou
simplesmente do pensamento dirigido ao enfermo.
As práticas de cura mediúnica em que são utilizados instrumentos de corte e
ou receitas não são recomendados, inclusive pela ilegitimidade legal das
mesmas em nossa sociedade. Estas, muitas vezes legítimas, têm apenas a
finalidade de promover ou despertar a atenção dos incrédulos acerca dos
fenómenos espirituais.
Assim, uma grande força fluídica, aliada à soma das qualidades morais de
quem a utiliza, pode operar verdadeiros prodígios sobre as enfermidades,
ressaltando que a ocorrência destes está ligada ao merecimento e a fé dos
enfermos.
"E ele lhe disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz" - (Lucas 8.48).
"E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os Espíritos malignos se retiravam" - (Atos, 19 - 11, 12).
O QUE É O PASSE?
O passe é uma transmissão de fluidos benéficos, com carácter assistencial e regenerador, que é aplicado pela simples imposição de mãos, dispensando qualquer contacto físico entre o passista e o receptor. O passe permite a regeneração dos enfraquecidos, física ou espiritualmente. O passista detém uma grande responsabilidade, pois cabe a ele impor as mãos sobre as pessoas carentes e abençoá-las em nome do Criador. Ele não é nenhuma pessoa especial, necessita apenas ter o desejo sincero de servir e viver uma vida sadia, sem vícios e cultivando bons pensamentos.
"E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta e anda" - (Atos 3.6).
"E rogava-lhe muito dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva. E foi com ele, e seguia-o uma grande multidão que o apertava" - (Marcos 5.23-24).
"Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demónios: De graça recebestes, de graça dai" - (Mateus 10.8).
"Pegarão nas serpentes, e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão" -(Marcos 16.18).
"E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos" - (Atos 6.6).
O QUE É CENTRO ESPÍRITA E QUAIS SÃO SUAS ACTIVIDADES?
Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" - (Mateus 18.20).
O Centro Espírita é uma casa religiosa onde se ensina,
pratica, estuda e divulga a Doutrina Espírita. Em suas actividades estão
incluídas palestras públicas, nas quais são comentados ensinamentos da
Codificação Kardequiana e do Evangelho de Jesus, além de assistência
espiritual e material aos necessitados.
O socorro espiritual é obtido através do atendimento individual àqueles que
se encontram em aflição e desequilíbrio, com orientações e passes como fonte
de regeneração e amparo. Também inclui sessões espíritas reservadas onde se
lida com a mediunidade na área da desobsessão (perturbações espirituais),
sem a participação dos necessitados, onde são esclarecidos e afastados
Espíritos sofredores ou de corações endurecidos que porventura sejam a causa
de seus problemas.
O Centro Espírita tem como objectivo primeiro, orientar as pessoas no
sentido de melhorar sua qualidade de vida através da ação reeducadora da
moral do Cristo. Endereçando o homem a esse entendimento, ele de forma mais
ou menos rápida, poderá livrar-se das más influências e atrair as boas, que
o ajudarão a seguir adiante de forma equilibrada e sadia.
Ao procurar um Centro Espírita, todos poderão receber orientação individual
através de entrevistas particulares, participar de palestras públicas e
receber passes. O contacto com o estudo da Doutrina e com os Espíritos
depende de normas rígidas e particulares de cada Centro, mas o bom senso nos
diz que a disciplina e o estudo são metas que devem ser observadas com rigor
para o sucesso das actividades.
O socorro material, por sua vez, considerado como uma actividade paralela,
mas de grande importância, é dado através da assistência a necessitados em
forma de alimentos, vestuário, abrigo, remédios, etc. Os recursos são
obtidos através de uma variedade de promoções realizadas em cada Centro
Espírita, como almoços, jantares, bazares beneficentes, campanhas de
arrecadação de alimentos etc, evitando-se rifas, bingos e outras actividades
pouco éticas.
O comportamento dos servidores e frequentadores dos Centros Espíritas se
pauta na harmonia, cordialidade, desejo de servir ao próximo em nome de
Jesus e dos bons Espíritos, de maneira que qualquer casa que cobrar taxa
pelas orientações ou assistência não são espíritas, mesmo que mantenham uma
placa na porta com essa designação.
COMO RECONHECER UM BOM CENTRO ESPÍRITA?
Nunca é demais repetir que um bom Centro Espírita é
aquele que segue os preceitos da Doutrina Espírita, com orientação pautada
nas obras da Codificação Kardequiana. Todo aquele que adopta práticas
contrárias às contidas em tais obras, que pratica atos exteriores e
desprovidos de racionalidade, deve ser evitado.
O Centro Espírita, como porta-voz do Espiritismo, no seu aspecto tríplice:
religioso, científico e filosófico, desenvolve suas actividades baseado no
"dai de graça o que de graça recebestes", proporcionando um entendimento
mais completo das leis de Deus e suas aplicações. Logo, o Centro Espírita é
um local de paz, harmonia, consolo, onde ao adentrar suas portas, o homem
que sofre com tantas tragédias e desequilíbrios que o atingem e à toda
humanidade, inicia a formação do alicerce para uma mudança interior que o
amparará racionalmente por toda a sua vida.
O QUE A DOUTRINA RECOMENDA PARA AS PESSOAS COM FÍSICOS E ESPIRITUAIS?
Recomenda que devemos nos interessar sempre por ideais
nobres, ocupar nosso tempo com estudo e trabalho, praticar a caridade
especialmente para com terceiros e manter a vigilância sobre nossos atos e
pensamentos. A maneira segura de afastar as influências más é atrair as
boas, uma vez que onde há luz não permanecem as sombras.
O próprio Codificador nos esclarece que fechar portas e janelas ou fazer uso
de defumadores e velas não afasta Espíritos perturbadores. Contudo,
pensamentos elevados não são alvo destes irmãos ignorantes e desocupados,
que não se aproximam por faltar-lhes afinidade.
Uma postura elevada alivia os sofrimentos morais e físicos que, associada ao
passe, um recurso energético de renovação, pode operar verdadeiros
prodígios. As enfermidades físicas , muitas vezes, têm também causa
espiritual e podem ser atenuadas ou até sanadas pela prática citada acima,
porém tem seu componente orgânico que não dispensa, em hipótese alguma, um
tratamento médico especializado.
Portanto, a Doutrina Espírita prima por simplicidade, conforme exorta Jesus
a seus seguidores. Ao invés de fórmulas mirabolantes, amuletos, talismãs ou
outra coisa qualquer, prescreve única e exclusivamente a reforma íntima como
remédio. Tendo Evangelho de Jesus como código de conduta, o homem descobrirá
o segredo da felicidade, vivenciando o amor a Deus e ao próximo. Levar o
homem a essa descoberta é o maior bem e o maior objectivo da Doutrina
Espírita.
A tratamento das enfermidades físicas e psicológicas pelos métodos espíritas
não dispensam, em nenhuma circunstância, a consulta ou o tratamento médico.
QUEM FOI ALLAN KARDEC?
Allan Kardec foi o pseudónimo do homem que codificou a
Doutrina Espírita. Seu nome verdadeiro era Hippolyte Léon Denizard Rivail.
Usava tal pseudónimo para evitar que seu nome, já bastante conhecido nos
meios literários, ficasse em evidência. Nasceu em Lion, na França, em 03 de
Outubro de 1804 e desencarnou subitamente em consequência de um aneurisma,
em 1869 aos 65 anos de idade. Era casado, falava quatro idiomas, estudava
astronomia e fenómenos ligados ao magnetismo. Estudou na escola de
Pestalozzi, o pai da pedagogia moderna. Escreveu diversos livros didácticos
e lecionava para alunos sem recursos financeiros.
Em certa ocasião foi convidado por um amigo de nome Fortier, para assistir a
uma brincadeira de salão em evidência na época: as mesas girantes que se
comunicavam através de batidas com seus pés.
Pensando tratar-se de algum fenómeno ligado ao magnetismo aceitou o convite.
Após algumas sessões foi se intrigando, uma vez que, descartadas as causas
conhecidas ou truques, convencia-se de que, por detrás das mensagens, havia
alguma causa inteligente responsável pelos movimentos.
A causa inteligente que se manifestava dizia que os fenómenos eram
provocados por Espíritos de homens que já haviam vivido no mundo. Passou a
estudar o fenómeno e numa das reuniões, agora promovidas pelo próprio
Kardec, um Espírito que usou o nome de Verdade, dizia que caberia ao
professor desenvolver, dar corpo, codificar uma nova doutrina filosófica e
religiosa.
Allan Kardec desempenhou com sucesso as obrigações de que fora incumbido,
explicando todos os fenómenos de maneira racional, revivendo e reforçando os
ensinamentos de Jesus e da Espiritualidade Superior.
Utilizou-se de vários médiuns diferentes, que foram cuidadosamente
escolhidos, uma vez que o próprio Kardec não era médium. Fazia perguntas aos
Espíritos, revisando e comparando repetidamente as respostas.
Todos os ensinamentos da Doutrina Espírita, foram reunidos em cinco obras
básicas: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O
Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Génese
(1868).
QUEM É CHICO XAVIER?
Trata-se de um expoente dentro do Movimento Espírita no
Brasil. Nascido em 1910 e doente dos pulmões desde os doze anos de idade,
dedica-se, há mais de sessenta anos, ao Espiritismo. É médium psicógrafo,
recebe as mensagens de desencarnados transcrevendo-as para o papel. Já
escreveu mais de 290 livros com mais de 10 milhões de exemplares vendidos,
sendo os direitos autorais totalmente doados à causa Espírita.
Órfão desde os cinco anos, este Espírito missionário sofreu todos os tipos
de privações, foi perseguido, caluniado, ironizado, traído, mas sempre
perseverou na sua tarefa, com paciência e serenidade, que são suas marcas.
Sua obra já foi comprovada cientificamente, tanto pelo teor fidedigno das
informações fornecidas por pessoas já desencarnadas que se comunicaram por
seu intermédio, quanto à autenticidade das assinaturas de alguns autores das
mensagens.
Sendo o escritor que mais vende no Brasil até hoje em actividade, apesar de
estar muito enfermo, é um dos grandes responsáveis pela propagação do
Espiritismo e tem levado o conforto e o esclarecimento a muitos que se
encontram em sofrimento.
PORQUE A MAIORIA DAS PESSOAS SÓ SE TORNAM ESPÍRITAS DEPOIS DE GRANDES SOFRIMENTOS?
Os sofrimentos fragilizam as pessoas que, diante deles,
buscam o consolo e o esclarecimento para seus males. Esgotados os recursos
terrenos e a fé em doutrinas materialistas ilusórias e irracionais, chegam a
total descrença, revoltando-se com Deus por seus próprios males.
O Espiritismo vem trazer as provas àqueles que negam ou duvidam que a alma
existe, é eterna e que sobrevive ao corpo. Explica que sobre ela recaem as
consequências de seus atos, que a reencarnação é a prova da justiça divina
ante às aflições, entre tantos outros fundamentos esclarecedores. Assim
abranda as amarguras e os desgostos da vida, acalma os desesperados e as
agitações da alma, dissipa as incertezas e os temores do futuro. Por isso
consola e torna felizes aqueles que nele ingressam. Aí está o grande segredo
da fácil aceitação ante os sofrimentos.
Fornecendo uma explicação racional para as causas de tudo, o homem que sofre
descobre que depende de si não sofrer mais, e que de acordo com sua
semeadura terá boa ou má colheita. Trabalha, portanto, para sua felicidade,
entendendo quem é, de onde vei e para onde vai.
POR QUE ESTÁ AUMENTANDO O NÚMERO DE ADEPTOS DO ESPIRITISMO?
O crescimento exagerado do materialismo, um sistema que
ao mesmo tempo que impulsiona o desenvolvimento científico e tecnológico da
humanidade, gera a competitividade selvagem e a opressão, fez com que os
valores morais que equilibram o bem estar social fossem perdendo suas
forças. Os povos, devido às variadas revoluções internas e externas em todos
os sentidos, sofrem com a degradação da essência da vida colectiva: as leis
do Evangelho. Na tentativa de conquistar adeptos entre os frágeis e
carentes, as religiões e cultos se multiplicam, caminhando para um colapso
dos pensamentos e crenças. As novidades acerca do que é a vida e os seus
mistérios se avolumam, muitas desprovidas de qualquer base científica,
lógica ou racional exacerbando a crise que precede a um esperado terceiro
milénio de regeneração.
Entre as religiões, o carácter racional e consolador do Espiritismo faz com
que ele se sobressaia e exerça forte influência sobre aqueles que o
procuram, pois fornece-lhes o equilíbrio tão almejado, a fé provida de
lógica e a esperança compreendida. Esta é a causa da sua propagação.
MAS AFINAL, O QUE É ESPIRITISMO?
O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de
observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas
relações que se pode estabelecer com os Espíritos; como filosofia,
compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações.
Segundo Allan Kardec, o Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da
origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo
corporal. No Brasil, organizou-se como um movimento religioso, com
aproximadamente 7 mil centros espíritas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao fim desta pequena obra, esclarecemos que o seu
principal objectivo foi posicionar a Doutrina Espírita no lugar que lhe é de
direito, face a tantas controvérsias, confusões e preconceitos que envolve
seu nome, por desconhecimento de seus fundamentos.
Não tivemos a intenção de contrariar qualquer outra crença, mesmo porque,
como espíritas, acreditamos que todas têm sua utilidade e buscam a Deus. O
Mestre Jesus nunca nos ensinou que devêssemos ser desta ou daquela religião,
mas que conduzíssemos nossas vidas de acordo com os ensinamentos do Pai,
filosofias à parte.
Eis que estamos diante do fato inegável de que o Espiritismo joga por terra
o materialismo e as ideias preconceituosas que fazem dele os que se julgam
donos da verdade. Ele é o Consolador Prometido por Jesus, que afugenta as
dúvidas e soluciona racionalmente os dramas da existência. É uma Doutrina
absolutamente séria e despojada de culto exterior. Talvez por estas e outras
tantas razões vem sofrendo os ataques da intolerância que assombra todas as
revoluções de ideias.
Temos consciência de que entre os que não são espíritas poucos chegarão às
últimas linhas deste escrito, como são poucos os que se dispõem a analisar
seriamente as ideias novas, desprovidos de preconceitos. Contudo, se entre
estes poucos encontram-se alguns que queiram clarear seus Espíritos, fugindo
da falsa ortodoxia dominante nos nossos tempos, estes irmãos nos serão muito
caros.
Seguidores ou não do Espiritismo, ao menos comporão o rol daqueles que detém
a grande responsabilidade e o prazer de respeitar seu próximo e ser chamado
de verdadeiro cristão. Infelizmente, ainda restarão dúvidas a serem
dissipadas. Nem mesmo tentamos esclarecer todas elas, mas deixamos, no
final, uma relação de obras às quais poderão ser consultadas e examinadas
cuidadosamente pelo leitor interessado em conhecê-las mais profundamente.
Nos perdoem a repetitividade de algumas ideias, o que julgamos em certas
ocasiões ser necessário, e que os Espíritos Superiores possam abençoar a
todo homem de bem, independente de sua religião ou raça.
Sem mais, ficamos com as palavras do espírito Erasto: (Paris, 1863), quando
indagado sobre como reconhecer os verdadeiros espíritas:
"Vós os reconhecereis pelos princípios, de verdadeira caridade que eles professarão; vós os reconhecereis pelo número de aflições às quais eles terão levado consolações; vós os reconhecereis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; vós os reconhecereis enfim pelo triunfo dos seus princípios, porque Deus quer o triunfo da sua lei; aqueles que seguirem sua lei são seus eleitos e Ele lhes dará a vitória, mas esmagará aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela um meio para satisfazer sua vaidade e sua ambição".
RELAÇÃO DAS OBRAS A SEREM ESTUDADAS PELO INTERESSADOS:
O Livro dos Espíritos
O Livro dos Médiuns
O Evangelho Segundo o Espiritismo
Céu e Inferno
A Génese
Todas as obras citadas são de autoria de Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo.
Grupo Espírita Bezerra de Menezes
Projecto: Regina Plá Gil, Agnes Fett e Marcos Ávila.
Conclusão: Vanda Simões
Fonte: Portal do Espírito