PERISPÍRITO
No prefácio de Emmanuel à obra "Evolução em Dois Mundos", de André Luiz deparamo-nos com essa assertiva:
"Desde tempos remotos a Humanidade reconheceu-lhe a existência como organismo subtil ou mediador plástico, entre o espírito e o corpo carnal".
Se compararmos o que diz Emmanuel com o que Léon Denis deixou lavrado em sua obra Cristianismo e Espiritismo verificamos que o reconhecimento da existência
do perespírito e sua necessidade já era cogitação dos pais da Igreja, como se segue:
1 ) - NOTÍCIAS HISTÓRICAS:
A ) - NO ANO 414 DA NOSSA ERA, EVÓDIO, BISPO DE UZALA, ESCREVE A SANTO AGOSTINHO INDAGANDO
"Quando a alma abandona este corpo grosseiro e terrestre, não permanece a substância incorpórea unida a algum outro corpo, não composto dos mesmos elementos como este, porém, mais subtil e que participa da natureza do ar ou do éter?"
"Acredito, portanto, que a alma não poderia existir sem corpo algum."
B ) - CONCÍLIO DE NICÉIA - 787 D. C.
S. João de Tessalônica diz:
"Sobre os anjos, os arcanjos e as potências - acrescentarei também - sobre as almas, a Igreja decide que esses seres são, na verdade, espirituais, mas não completamente privados de corpo; ao contrário, dotados de um corpo ténue, aéreo ou ígneo..."
"Não há senão Deus, unicamente, que seja incorpóreo e sem forma. Quanto às criaturas espirituais, não são de modo algum incorpóreas."
C ) - S. BERNARDO - 1277 D.C.
"Atribuímos, pois, com toda a segurança, unicamente a Deus a verdadeira incorporeidade, assim como a verdadeira imortalidade, porque, único entre os Espíritos, ultrapassa toda natureza corporal, o suficiente para não ter necessidade do concurso de corpo algum para qualquer trabalho, pois que só a sua vontade espiritual, quando a exerce, tudo lhe permite fazer."
( Léon Denis - "Cristianismo e Espiritismo" )
Ver : Léon Denis - "O Problema do Ser, do Destino e da Dor" - cap. III - nota de rodapé da p. 57
2 ) - DEFINIÇÃO:
é o envoltório subtil do Espírito onde se registam os fenómenos da vida mental
(Livro dos Espíritos, item 93)
3 ) - ORIGEM
" è o mais importante derivado do Fluido Cósmico. Constitui-se da condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência.
(Livro dos Espíritos ,item 9ge4)
"Anterior à vida actual, inacessível à destruição pela morte, é o admirável instrumento que para si mesma a alma constrói e que aperfeiçoa através dos tempos: é o resultado de seu longo passado".
( Léon Denis - "No Invisível" - cap. III )
"Conforme seja mais ou menos depurado, seu envoltório se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do Fluido peculiar ao mundo onde o Espírito reencarna."
( A Génese - cap. XIV -itens 7 a 12 )
4 ) - NATUREZA:
Sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito
( A Génese - cap. XIV - itens 9; 10 )
Ainda é matéria "A substância do perespírito é extremamente subtil, é a matéria em seu estado mais quintessenciado, é mais rarefeita que o éter; suas vibrações, seus movimentos ultrapassam em rapidez e penetração os das mais activas substâncias
(Léon Denis - No invisível -cap. III)
A constituição íntima do perespírito não é idêntica em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados q eu povoam a Terra ou o espaço que a circunda.
(A Génese - Cap. XIV item 10 )
5 ) - ESTRUTURA:
Camadas energéticas ou electromagnéticas
"...Eu sabia que deixara o veículo inferior no apartamento das Câmaras de Rectificação, em Nosso Lar, e tinha absoluta consciência daquela movimentação em plano diverso..."
( André Luiz - "Nosso Lar" - cap. XXXVI )
...o vaso perispirítico é também transformável e perecível embora estruturado em tipo de matéria rarefeita".
(da Alma Humana - Pag.79)
"O perespírito é um foco de energias... Nele tem sua sede a força psíquica indispensável à produção dos fenómenos espíritas
( Léon Denis - "No Invisível" -cap. III p. 40 / 50 7ª ed. FEB)
"..As vibrações do perespírito se reduzem sob a pressão da carne; readquirem sua amplitude logo que o Espírito se desprende da matéria e reassume a liberdade>"
( Léon Denis No Invisível Cap.III pag. 40/50, 7ª ed. FEB)
6 ) - FORMA E APARÊNCIA
a ) Forma humana ( Livro dos Médiuns - item 100 nº 28 )
"...Por Espírito deve-se entender a alma revestida de seu envoltório fluídico, que tem a forma do corpo físico." ( Léon Denis - "No Invisível" - cap. III )
"...inseparável da alma, conserva a forma exterior da personalidade desta..."
( Léon Denis - "Depois da Morte - p. 174 )
Gabriel Delanne - " A Alma é Imortal":
- Introdução:
"Pela correspondência que permutaram Billot e Deleuze, bem como pelas pesquisas de Cahagnet, veremos que a alma, após a morte, conserva uma forma corporal que a identifica."
- Capítulo I:
"Quase sempre, o corpo espiritual reproduz o tipo que o Espírito tinha na sua última encarnação."
- Capítulo II :
Declarava ( a vidente de Prévorst ) que, após a morte, a alma conserva um "espírito nérvico", que é a sua forma..."
- Capítulo III :
..."São as almas dos mortos que afirmam a sua sobrevivência por acções mecânicas sobre a matéria.. Não apresentam uma forma indeterminada, mas as dos corpos terrenos que tiveram durante a encarnação"
- 3ª Parte - capítulo I:
"Regra geral, predomina no corpo fluídico a forma humana, à qual ele naturalmente retorna, quando haja sido deformado pela vontade do Espírito.
- Gabriel Delanne - "A Evolução Anímica":
- Introdução:
"Se, no estado normal, a alma é invisível, pode, contudo, aparecer mediante condições determinadas, e com especificidade capaz de impressionar nossos sentidos.
Os médiuns vêem-na no espaço, sob a forma que tinha na Terra."
- Capítulo I:
"Estabelecemos de princípio, que os Espíritos conservavam a forma humana... porque o perespírito encerra todo um organismo fluídico-modelo, pelo qual a matéria se há de organizar, no condicionamento do corpo físico."
- Gabriel Delanne - "O Espiritismo perante a Ciência"
4ª parte - capítulo III:
" O invólucro fluídico que reproduz, geralmente, a aparência física que o Espírito tinha em sua última encarnação, possui todos os órgãos do homem."
7 ) - PROPRIEDADES:
I )- Plasticidade :
I - formas:
a ) - para identificação
b ) - para ocultar a identidade - ( André Luiz )
II - redução fetal ( Evolução em Dois Mundos - cap. XIX - restringimento do corpo espiritual )
III - crescimento ---> durante a encarnação e após o desencarne ( plano Espiritual )
( Livro dos Médiuns item 100 nº 21 - 28 - 30 - item 105 )
2 ) Penetrabilidade: ( é penetrado
- barreiras vibratórias: (
( não penetra
3 ) - Exteriorização;
I - bi-corporeidade ou bi-locação:
a ) em repouso:
A. Liguori e Clemente XIV
António de Pádua
S. Francisco Xavier
b ) em vigília : Emilie Sagée
( Ernesto Bozzano - "Fenómenos de Bi-locação "
4 - Transfiguração
Moisés - ( Ex. 34: 24 - 35 )
Livro dos Médiuns itens 122 - 123 )
" Observando-a por um momento, reparei que a esposa de Alfredo se transfigurava. Luzes diamantinas irradiavam de todo o seu corpo, em particular do tórax, cujo âmago parecia conter misteriosa lâmpada acesa."
(André Luiz -" Os Mensageiros " - Cap. A Prece de Ismália )
O Cristo - no Tabor
5 - Exteriorização da sensibilidade
6 - Repercussão da acção no perespírito sobre o corpo
( o oficial russo e o golpe de espada no perespírito da obsessora encarnada )
7 - Acção de medicamentos à distância
( aproximação do perespírito desdobrado, de medicamentos em frascos arrolhados )
8 - Absorção ou condensação ---> aparições
visibilidade ---> aparição de Jesus à Madalena
tangibilidade ----> aparição a Tomé
opacidade ---> agêneres
9 - Expansibilidade
8 ) - PROVAS DA EXISTÊNCIA:
a ) aparições ----> transformação molecular por acção da vontade do Espírito:
I - vagas ou vaporosas
II - nitidamente definidas ( livro dos Médiuns item 116 )
Mme D´Espérance ( No País das Sombras )
b ) Materializações
I - de vivos - Sra. Fay - citado por Willian Crookres - com um livro na mão
Chico, em Caratinga
António de Pádua, em Lisboa
II - desencarnados - Kate King - a filha de Frederico Figner, no Pará
III - agêneres ---. o "Anjo" Gabriel
c ) Moldagens
I - vivos desdobrados: G. Geley
Eusápia Paladino ---> dedos na argila, rosto ( argila de escultor )
Eglinton -----> pé
"Trabalho dos Mortos" , de Nogueira de Farias
II - desencarnados:
Pela mediunidade de Slade: marcas de pés em papel enegrecido
" trabalho dos Mortos"
d ) Fotografias de Exteriorizações
Bozzano - "Pensamento e Vontade"
O retrato no Anuário Espírita de 1983
"O processo dos Espíritas"
9 ) - FUNÇÕES:
a ) mediatriz
sensação --> nervos sensitivos --> câmaras ópticas ---> P --> Esp. - Percepção
vontade -- Esp. ---> P ---> câmaras ópticas ---> nervos motores ---> acção
condições para a percepção: intensidade e duração
b ) organizadora ---M.O.B.( Modelo Organizador Biológico)
.. . preside à organização de todo indivíduo vivo e específico, sem embargo da perpétuas mutações da matéria.
sementes diferentes ---> mesmos componentes químicos, originando indivíduos diferentes, devido a esse MOB.
cristalização - cristais fraccionados que se recompõem no feitio original.
c ) arquivo ou memória
" ...é no cérebro desse corpo espiritual que os conhecimentos se armazenam. Sede dos estados consciências pretéritos, armazém das lembranças. É nele que o Espírito se abastece quando necessita de cabedais intelectuais para raciocinar, imaginar, comparar, deduzir.
"... é nele que reside a memória orgânica e inconsciente.
( Gabriel Delanne - "A Evolução Anímica " )
10 ) - SENSAÇÕES é a sede da captação das sensações.
Experiências citadas por Delanne:
No perespírito
a - no perespírito desdobrado:
medicamentos - toques e picadas - golpes
b - no corpo, em estado sonambúlico:
queimaduras - cortes
11 ) NA DESENCARNAÇÃO - desatar os laços
- desfazem-se os laços - Pineal - libertação - cordão de prata
"Todos os nossos actos estão impressos no perespírito ---> visão retrospectiva - aparições
( Léon Denis - "O Problema do Ser, do Destino e da Dor" - cap. X )
12 ) NA ENCARNAÇÃO:
a ) redução fetal - restrição ---( plasticidade )
b ) ligação - molécula à molécula, ao feto.
c ) esquecimento , perturbação
13 ) EM OUTROS MUNDOS:
Livro dos Espíritos itens 94 - 186 - 187
"Para mudarem de meio, precisam antes mudar de natureza, despojar-se dos instintos materiais, numa palavra: que se depurem moralmente."
( Allan Kardec - "A Génese - cap. XIV item 4 )
Função do perespírito na mediunidade:
Por sua vontade, o Espírito projecta um raio fluídico sobre o perespírito do médium, penetra-o com seu fluido, estabelecendo, assim, comunicação directa com o encarnado. Estabelecida a comunicação, o Espírito pode agir sobre o médium, produzindo efeitos diversos, que se traduzem pela visão, escrita, tiptologia , etc.
A vibração partida do Espírito se propaga por meio de um cordão fluídico até o aparelho receptor, que é o perespírito do encarnado. Aí chegadas, as vibrações actuam no cérebro do encarnado, pela forma comum. Momentaneamente o cérebro fica quase todo à disposição do Espírito que dele se serve ."
Gabriel Delanne - "O Espiritismo perante a Ciência" - 5ª parte
"Por intermédio de seu perespírito o Espírito actuava sobre seu corpo físico vivo; ainda por intermédio desse mesmo fluido é que ele se manifesta; actuando sobre a matéria inerte é que produz ruídos, movimentos de objectos, levanta-os, derruba-os, transporta-os.
É igualmente com o concurso de seu perespírito que o Espírito faz que os médiuns escrevam, falem, desenhem. Ele se serve do corpo do médium, cujos órgãos toma de empréstimo, corpo ao qual faz que actue como se fora o seu próprio, mediante o eflúvio fluídico que sobre ele verte."
Allan Kardec - A Génese
14 ) PESO DO PERISPÍRITO;
"O género de vida de cada um, no indivíduo carnal, determina a densidade do organismo perispirítico, após a perda do corpo denso."
Calderaro - No Mundo Maior - p. 49
Acreditamos que esta despretensiosa pesquisa poderá auxiliar bastante aos estudiosos de tão importante assunto e tão pouco conhecido e estudado, pelos espíritas ainda deslumbrados com os fenómenos e práticas mediúnicas, esquecendo-se que o perespírito é o principal intermediário entre o espírito e a matéria., e segundo António J. Freire na obra Ciência e Espiritismo sua finalidade é tríplice: manter indestrutível e intacta a individualidade; servir de substrato ao corpo físico, durante a encarnação e constituir o laço de união entre o Espírito e o corpo físico, da transmissão recíproca das sensações de um e das ordens do outro