Porque Sofremos?


    Todos  nós, os seres inteligentes da Criação, somos Espíritos, encarnados ou  desencarnados,  isto  é,  os que temos o corpo físico ou os que não o temos,  ou,  melhor  ainda,  os  que estamos desvestidos do corpo físico, respectivamente.

    Criados  por  Deus,  simples  e  ignorantes,  partimos  todos  das mesmas condições,  do  mesmo  ponto  inicial,  com idênticas oportunidades e com livre arbítrio,  sendo  certo  que,  depois  de  criados,  passamos a ser imortais.

    Assim,   passamos   por  experiências  corporais  sucessivas,  em  que  o renascimento  na carne é continuação da vida, assim como a morte do corpo físico,  que  se  decompõe  e  se  transforma,  não impede que o Espírito prossiga  vivendo,  em  outro  nível  de  vibração, razão pela qual não é difícil  concluir  que  o  Espírito  ou  a  Alma, o verdadeiro ser, o ser pensante  da  Criação,  tem  a  sua individualidade preservada, sempre, e viverá eternamente.

    Em  cada  experiência  corporal,  que  é  indiscutivelmente transitória e breve,  mesmo  quando  centenária, tem o Espírito a ensancha de ampliar o seu conhecimento e de aperfeiçoar-se, intelectual e moralmente, avançando sempre.

    Para  exemplificar,  quando  erra  e  se compromete, a criatura retorna à mesma  situação  para  aprender  e  reparar. O aprendizado pode se dar na  Terra,  um  dentre  tantos  mundos habitados, uma verdadeira escola, onde todos  nos  encontramos  matriculados  para  aprender,  muito aprender. A reparação,  de  sua parte, é individual e personalíssima, vale dizer, não se transfere a ninguém, de modo que os erros, males e equívocos cometidos anteriormente  hão  de ser corrigidos pela própria criatura, sem qualquer possibilidade  de  delegação  deste  compromisso.  Por  isso,  embora não pareça, tantas e tantas vezes, o sofrimento é a educação que disciplina e corrige.

     O  sofrimento,  por  esse  modo, faz parte da vida, podendo ser físico ou moral.  Encarnados  ou  desencarnados,  no  corpo  físico  ou  fora dele, portanto,  fazemos  parte da vida, que é única, não obstante composta por várias  existências.  Com  reflexão  e,  sobretudo,  com a utilização dos ensinamentos  da  veneranda e abençoada Doutrina Espírita, o entendimento desse mecanismo, dessa verdadeira alavanca de crescimento e de progresso, que chamamos de sofrimento ou de dor, torna-se deveras facilitado.

     Com  efeito,  vivemos  na  Terra, um planeta de provas e de expiações, de categoria  inferior  no  Universo,  que  supera apenas os chamados mundos primitivos,  e,  o  que  é  mais  grave,  onde ainda prevalecem o mal e a imperfeição.

     O  nosso  sofrimento pode se originar de existências passadas, remotas ou não,  ou  mesmo  da  presente reencarnação, e está fortemente vinculado à sensibilidade  de  cada  um,  variando, portanto, e muito, de pessoa para  pessoa.

     A reencarnação, verdadeira bênção da oportunidade, permite que reparemos, parcial  ou  integralmente,  os nossos erros, males e equívocos passados, ajustando-nos  ou  reajustando-nos  com as Leis Naturais ou Divinas, que, sendo  perfeitas,  não  sofrem  alteração, valendo para todo o Universo e para  todos  os  seres,  individualmente.  Embora  nem  sempre se perceba claramente,  há Leis imutáveis regendo a Vida, como um todo, queiramos ou não,  gostemos  ou  não,  acreditemos  ou  não.  A  atenta  observação do dia a dia, entretanto, conduzirá a esta conclusão.

     Por  outro  lado,  nós,  os  encarnados, de um modo geral, convivemos com tribulações,  aflições  e  dificuldades de variada ordem, seja porque não gozamos  de boa saúde, seja porque temos dificuldades financeiras, porque estamos desempregados, porque receamos a doença, a pobreza e a violência, que  campeiam cada vez mais em toda parte, porque sofremos de solidão, de desamor,  ou  porque  temos  insucesso  nas  tarefas que iniciamos, etc., revelando,  em  primeiro  lugar,  o  nosso  despreparo  para os fenómenos normais  da existência, em que o ser humano, ainda que não se dê conta, é o único responsável pelo que lhe acontece e pelo seu destino, sendo certo que  o  futuro  está  em  suas  mãos, uma vez que "a cada um será dado de conformidade com as suas obras".

     Por  isso,  é necessária e urgente a atenção para os ensinos da Vida, que se  desdobram  em  nosso  dia a dia, de que nada se modificará, se não se  modificarem mentalidades e posturas.

     Cabe-nos,  individualmente, o dever de cumprir os nossos compromissos, de qualquer ordem, com responsabilidade, com esmero, fazendo a nossa parte e fazendo-a do melhor modo possível, qualquer que seja o campo da actividade humana, conscientizando-nos de que vivemos em regime de interdependência, ou  seja,  em  que todos dependemos uns dos outros, para o equilíbrio e a harmonia  das  relações  sociais,  sem  a  aflição,  contudo,  de  querer consertar os outros ou modificar o mundo.

     O  sofrimento  pode  ser  conduzido  pelo  conhecimento  e  pela força de vontade,  assim  como  pode  ser sensivelmente diminuído e, às vezes, até mesmo eliminado, pelo uso da razão.

     Com  efeito,  o  uso do raciocínio indica que o ódio, o ciúme, a raiva, a rebeldia,  o  rancor,  a  irritação,  a  violência,  etc.,  só  ampliam o sofrimento,  criando  desarmonia, ou ainda mais desarmonia, na intimidade de  cada um, e, com isso, no mínimo, prejudicando a saúde física e mental de quem nutre tais sentimentos.

     Logo,  parece ser muito mais razoável e sensato enfrentar as dificuldades e  padecimentos  com  resignação,  coragem  e  bom  ânimo, a fim de poder removê-los,  usando  o  conhecimento, principalmente o conhecimento sobre nós  mesmos,  para  bem  compreender  o  que  se passa e, assim, vencer o sofrimento, avançando contínua e permanentemente.

     Também  será  importante  que não agravemos o nosso sofrimento ou a nossa  dor,  o  que facilmente acontece quando se utiliza do tabaco, das bebidas alcoólicas e das drogas, inúmeras vezes responsáveis pelo conduzimento do indivíduo   à   loucura  e  ao  suicídio  e,  na  melhor  das  hipóteses, responsáveis  pelas graves enfermidades que se instalam em seus usuários, de que são exemplos, entre outros, o câncer de variada espécie, o infarto do  miocárdio  e outros males cardíacos, além de outras tantas e inúmeras doenças que carcomem a criatura, física e moralmente.

     Neste  passo, convém salientar que o maior antídoto para o sofrimento e a dor é o Amor, sem qualquer dúvida, a Lei Maior da Vida.

     A ausência de amor a Deus, ao próximo ou a si mesmo, produz insatisfação, desajuste, desequilíbrio, factores de doenças e sofrimentos.

     Como  bem  o salienta Joanna de Ângelis, Espírito, no livro Plenitude, "A vida  é  impossível  sem  o amor, dinâmico, que induz à acção construtiva, responsável  pelo progresso", acrescentando que "O Bem anula o mal e suas consequências",  para  enfatizar  ainda  e  oportunamente  que  "As acções meritórias fazem cessar o sofrimento: silêncio ante as ofensas, perdão às agressões e esquecimento do mal".

     Assim  sendo,  destas ligeiras considerações sobre assunto tão complexo e extenso, pode-se concluir claramente a razão pela qual o ensino máximo de Jesus  de  Nazaré,  o Cristo, modelo e guia da Humanidade, nosso mestre e amigo  de  todas  as  horas,  está  consubstanciado na célebre, concisa e absolutamente  perfeita  sentença,  aconselhando que todos nós: "Amemos a  Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos".

                       Fonte: Jornal Mundo Espírita

 

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