Suicídio
Maior infracção que pode ser cometida por um espírito exercendo o direito sagrado de seu livre-arbítrio. Indivíduos ignorantes
da realidade espiritual e das verdades espíritas crêem que se entregando ao ato desvairado do suicídio se verão instantaneamente livre de seus fardos e
provações.
O indivíduo entra em estado de extremo sofrimento e, com a ajuda de espíritos sofredores e que se comprazem com o mal alheio que lhe estimulam o ato
impensado, ele se entrega ao auto-homicídio.
Porquanto não se faz regra a presença de obsessores estimulando este ato, é frequente a presença dos mesmos.
Há
indivíduos que, presos a obsessores ligados há muito por problemas cármicos profundos, sofrem influência tão ostensiva dos mesmos, que, verdugos em busca de
vingança, tanto estimulam o indivíduo que o mesmo acaba por ceder e cair.
O que o indivíduo ignora é que sucumbindo ao suicídio ele encontrará uma realidade
que, no geral, ultrapassa em grau de sofrimento as provas que o mesmo enfrentava encarnado.
Há, na literatura espírita, extenso número de relatos das provações
de suicidas. Exemplos encontrados no livro "O martírio dos suicidas":
1. Uma mãe padecendo de uma vida desesperadora ao lado de um marido bêbado e violento, pega seus dois filhos e se joga na linha
do trem, no momento em que o mesmo passa, junto com os dois, que julgava transformarem-se em "anjinhos" que iriam lhe acelerar sua entrada no céu.
No momento
seguinte vê o corpo de seu filho menor dilacerado na linha do trem, assim como seu próprio corpo, que não entende por quê o vê e não consegue mexê-lo.
Se
desespera por não encontrar seu filho maior e logo realiza-se morta e vaga nas ruas sempre com o som do trem se aproximando e de seus ossos quebrando e o corpo
do filho destroçado.
A fome e a sede a atormentá-la e nenhum momento de descanso com aquele mesmo som a apavorá-la constantemente, assim como o desespero de não
saber o paradeiro do filho maior.
Vozes acusando-a de assassina e suicida e ameaçando-a. Gargalhadas sinistras quando só as trevas lhe apareciam.
Décadas nesta
situação.
Conseguindo soerguer-se no momento de fervorosa prece em que via seu filho desencarnado feliz assim como o maior ainda encarnado, conseguira
livrar-se, mas perdera um olho.
2.
Um homem se suicida por causa de
crise banal no lar com um tiro no peito.
No instante seguinte se sente como encarnado preso ao corpo, mas sem poder mexê-lo.
Vê os familiares chorarem diante do
corpo e não consegue erguer um membro sequer, sente a dor insuportável do ferimento no peito.
Assiste seu velório do próprio caixão, segue junto ao séquito que
direcciona-se à sepultura.
Sente o caixão descer pela cova e ouve a terra cair por cima do caixão fechado.
Sempre lúcido, mas com grande dor proveniente do
peito.
Seguem-se dias, semanas, meses e ele assiste e sente, sem poder fazer nada, o cheiro pútrido da carne em decomposição e a acção dos vermes que lhe
corroem a carne.
Em grande desespero pela sensação claustrofóbica, pela acção dos vermes que corroendo-lhe o corpo, ele tudo sente, pela dificuldade de
respirar, pelo cheiro pútrido, pela eterna escuridão que não lhe impede de observar seu próprio corpo deteriorando-se até os ossos, pela constante não resposta
de seus movimentos e pelo silêncio eterno que lhe acompanha e pela dor que ainda fazia-se tão presente quanto no momento da morte.
Vê então homens, anos depois,
recolhendo seus ossos e levando-os ao jazigo que raciocina ser de sua família.
Seus ossos, numa caixa de 50 centímetros cúbicos, aceleram-lhe a sensação de
aprisionamento.
Sempre lúcido, sem dormir, com fome sede e a mesma dor, ele vê, ao decorrer dos anos, sendo depositados mais ossos na caixa, que ele entende se
tratar de outros parentes já mortos.
Quantos anos estaria ele naquela situação?
Pensamento sempre activo resolve, ao fim de trinta e cinco anos de sofrimento
ininterrupto, proferir sua primeira oração.
Que é atendida sendo ele retirado de sua prisão e iniciado seu tratamento numa colónia.
(Os dois casos acima são verídicos e constam de relatos feitos pelos próprios espíritos em sessões mediúnicas presenciadas pelo autor do livro)
Pelos exemplos acima temos uma ideia das consequências de um ato funesto que só a ignorância da verdade do espírito pode
conduzir.
É preciso também salientar que o suicídio não se afigura somente nos casos em que há um auto-homicídio efectivo com a morte efectuada conscientemente.
Há também os casos dos suicidas graduais.
É o caso dos fumantes que morrem de câncer, dos alcoólatras que morrem de cirrose hepática, dos casos de grandes
glutões que morrem de infarto devido ao entupimento das veias cardíacas por excesso de gordura.
São igualmente suicidas, porquanto provocaram sua própria morte
mesmo sem o saber.
Sua pena pode ser amenizada, há atenuantes, mas nunca ela é suprimida.
Por isso é importante a nossa atenção com o que comemos e bebemos sem
falar no problema do fumo.
Só a verdade espiritual pode salvar as
almas que, ignorantes, se entregam a ilusão do suicídio.
E é por isso que se deve cada dia aumentar os esforços para que a doutrina espírita chegue a mais
pessoas para que muitas almas possam ser salvas do sofrimento.
(Leitura básica: "O céu e o inferno" de Allan Kardec e
"O
Martírio dos suicidas" de Almerindo Martins de Castro)
(ver Umbral)