Terra: Educandário Divino

 

 

     Conhecedores somos, diante dos esclarecimentos que a Doutrina nos oferece, que Deus, em sua infinita bondade e sabedoria, tem para seus filhos todos os recursos necessários à sua trans­formação, ao seu progresso até à perfeição.

     Em todo grau da escala evolutiva encontra o Espírito lugar adequado ao seu estado, à sua condição. Daí, a infinidade de mundos oferecendo-nos abrigo, ofertando-nos luz e esclarecimento, como dádivas sublimes do Pai Celestial.

     Nós estamos na Terra na condição de Espíritos falidos, Espíritos desviados da senda do Bem; estamos num planeta de provas e expiações. Contudo, conforme nos diz Emmanuel: “O nosso orbe é um plano alegre e formoso... o único ele­mento que aqui destoa da Natureza é justamente o homem, avassalado pelo egoísmo. ”Lembra-nos ele, ainda, que: “Temos gratuitamente, sem qual­quer sacrifício, céu azul, fontes fartas, abundância de oxigénio, árvores, flores, frutos, cor e luz, que nos dão sublimes possibilidades de trabalho.”

     Realmente, não sabemos reconhecer a grandeza que nos cerca, não contemplamos a beleza infinita que se nos descortina aos olhos, porque vivemos apenas sob a impressão de que estamos encarcerados num planeta de provas e expiações, esquecendo de senti-lo como a Escola Bendita que ele representa, cujas lições se encontram impressas na própria Natureza.

     Aqui vivemos no desejo de nos elevar, no anseio de atingir mundos superiores, mas despreocupados de algo fazer em beneficio do progresso da Terra. Malgrado, porém, a nossa má vontade, a Terra progride e progredirá sempre, pois a Lei Divina, que é perfeita, tudo transforma para melhor, impulsionando coisas e seres no sentido da Perfeição.

     As lições que nos chegam da Espiritualidade são ricas em detalhes referentes às reencarnações em nosso orbe, e podemos então observar quanto é trabalhoso o preparo para o regresso à carne.

     Diz-nos o Irmão X que as filas na Erraticidade são imensas; que inumeráveis Entidades aguardam a oportunidade sublime... A luta por essa oportunidade é grande, e sentimos quão imprudentes somos em não aproveitar inteiramente as nossas reencarnações, que são bem o teste muito da Bondade e Justiça infinitas do Criador.

     Ansiamos regressar a Terra a fim de poder­mos olvidar os próprios erros e repará-los condignamente. Para tanto somos favorecidos, pela Misericórdia do Pai, com o esquecimento do passado e aquinhoados com as condições de vida necessárias à quitação dos nossos débitos.

     Em “Missionários da Luz”, de André Luiz, psicografia de Francisco C. Xavier, no capítulo “Preparação de experiências”, encontramos grandes ensinamentos sobre reencarnações. Até então, julgávamos que bastasse o desejo de regressar, e tudo seria logo resolvido. Contudo, o caso é bem diferente. Existe por lá, em “Nosso Lar”, um “Instituto de Planeamento das Reencarnações” (e quantas Instituições desta mesma natureza há disseminadas pelos Planos Espirituais circunvizinhos ao nosso planeta!), ao qual os Espíritos, candidatos ao renascimento, encaminham seus projectos e onde Entidades idóneas e competentes os estudam sob todos os aspectos para ajuizar da conveniência ou não de atender às concessões pleiteadas.

     Vemos aí como a forma física, isto é, o corpo que servirá de morada temporária ao Espírito, é algo de grandemente importante ao desempenho do programa a que nos propusemos executar.

As mais variadas formas são planejadas, inspirando-se os arquitectos das organizações car­nais nas necessidades de reajustamento dos que as ocuparão, tanto quanto nos imperativos de trabalho inerentes à natureza das missões dos que se prepararam para a desincumbência de trabalhos de responsabilidade.

     Casos típicos ilustram esse alentado capitulo de nossa Doutrina.

     Certo irmão, que há um século assassinara um companheiro a facadas, renasceria então num corpo com predisposições a adquirir dolorosa úlcera que o faria sofrer e meditar por longos anos.

     Uma irmã, trinta anos já na Espiritualidade, aguardava também o regresso a Terra para rectificar faltas cometidas com relação aos deveres maternos, não cumpridos devidamente, o que ocasionou graves prejuízos para quatro filhos que enveredaram pelo caminho do vicio. Trabalhou ela arduamente para reconstruir o lar terreno e atrair novamente esses Espíritos ao seu regaço. Quanta luta para conseguir semelhante realização!, O programa seria penoso: dois filhos renasceriam paralíticos, e dois, débeis mentais., os recursos financeiros seriam precários... ela muito teria que porfiar. Mesmo assim, aguar­dou a oportunidade do regresso com enorme anseio, e foi motivo de intensa alegria quando conseguiu meu intento... E partiu para a Kuala cheia de Esperança!

     Outra irmã, quando lhe organizam o plano reencarnatório, pede aos anatomistas benfeitores que introduzam certas modificações necessárias a um maior equilíbrio no equipamento celular, dizendo-lhes: “prefiro a fealdade corpórea; não estou interessada num corpo de Vénus, e sim na redenção de meu Espírito para a Eternidade”.

     Sentenciou Bittencourt em recente mensagem:

            “Á vida humana não é um conjunto de artifícios; é escola da alma, para a realidade maior!”

     Aqui chegamos com a bênção do esqueci­mento de nosso pretérito, e, embora na maioria dos casos, encontremos braços e corações amigos para nos receber e orientar, uma vez libertos das imagens tristes que na Vida Espiritual divisávamos, olvidamos os nossos programas os nossos prometimentos. O corpo físico é também desatentamente cuidado e até mesmo desvalorizado; os que o trazem são e belo esquecem as oportunidades de trabalho e humildade que ele oferece; os defeituosos e enfermiços olvidam a bênção sublime que eles encerram e caem na revolta ou no desânimo. E é assim que complicamos as coisas, tornando inexpressivas, existências que deveriam ser o coroamento de fecundas realizações. 

Elizabete do Valle
REFORMADOR, Março de 1983

 

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