Violência e Paz
Predominando em a natureza humana os remanescentes dos instintos
primários, a mesma faz-se agressiva por mecanismo natural de sobrevivência.
Não havendo o controle da razão sobre os impulsos inatos, desbordam-se os sentimentos gerando perversidade e produzindo dor.
A violência é manifestação atávica do ser em processo de evolução.
Estruge a qualquer momento, transformando-se em selvajaria que destrói tudo quanto não se lhe submete.
Estimulada pelos tormentos internos das pessoas vazias de ideal ou sob o açodar de transtornos psicopatológicos, investe em fúria irracional, ameaçando a vida e os seres vivos.
A violência é qual rio caudaloso que arrasta na precipitação das suas
águas tudo quando lhe constitui obstáculo.
Intempestivamente domina as expressões da emotividade, matando as débeis florações da esperança, do dever e do respeito humano.
Raio que cinde a treva da noite escura, é faísca perigosa que fere e aniquila.
A violência é herança nefasta que à educação cabe erradicar, trabalhando os valores morais e os sentimentos nobres que dormem no mundo íntimo dos seres.
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Os factores sócio económicos infelizes que geram os bolsões da miséria, são desencadeadores da violência humana, porquanto o carente e o miserável sob os camartelos da fome, da enfermidade e do abandono, quando nada recebem da sociedade que os dignifique, tomam-no através da violência, agredindo com impiedade.
Banalizada a aberração, o próximo passo é o homicídio frio, calculado ou não, que atira o delinquente no abismo da loucura.
Iniciada a alucinação homicida, toda a racionalidade se perverte, engendrando mecanismos de auto justificação sem qualquer preocupação moral.
Vitimados pela indiferença social, os miseráveis se movimentam para alcançar os patamares da fama e da glória inditosa, que não conseguiram por meios edificantes, exaltando o ego doentio e convencendo-se que os criminosos têm uma existência breve, valendo-lhes as fortes sensações com que se alimentam.
Sem metas existenciais nem ideais de família ou de dignificação humana, vivem em função do momento angustiante que experimentam, aturdidos e amedrontados.
As excepções, que apresentam indivíduos em outras classes sociais mais bem aquinhoadas, devem-se aos graves desvios de comportamento, que lhes apresentam a vida sob óptica distorcida e anárquica.
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Não poucas vezes, nessas paisagens mentais sombrias onde se expande a
violência, há um intercâmbio com os Espíritos perversos, que se atribuem o
direito legal de punir, de perseguir, de malsinar, acreditando-se como sendo
os longos braços da justiça alcançando os calcetas morais da Humanidade...
Obsidiam os seus compares, anulando-lhes as aspirações para o Bem, as débeis claridade para o discernimento que obnubilam.
O conhecimento da vida espiritual, a vivência religiosa, o contacto com os ideais enobrecedores, constituem terapia preventiva e curadora para a grave enfermidade moral que é a violência.
Clareando a mente em trevas, a oração representa igualmente valioso recurso para conduzir o indivíduo à paz.
O processo de paz tem início no imo do ser, que passa a direccionar as
aspirações para o amor e para o bem geral. Dulcifica-se e aprimora-se,
altera o discernimento para a responsabilidade e o dever, passando a fruir
harmonia.
A paz é o tesouro que se conquista mediante o recto pensar, o nobre
falar e o digno agir. Essa trilogia harmoniza a criatura em relação à
autoconsciência, facultando-lhe equilíbrio e bem-estar.
A violência é atavismo bárbaro que o amor dilui nas províncias da acção fraternal.
A paz é coroa de bênçãos que repousa no coração do homem de bem.
O mundo arma a criatura de violência, em razão dos seus valores de
imediato significado, enquanto Jesus promove a paz na estrutura da
imortalidade de todos, direccionando-os para a vida futura.
Joanna de Ângelis
Médium: Divaldo Pereira Franco