EM FUNÇÃO DO AMOR
Convidado ao
banquete do amor, esquece as mágoas e as ofensas, rompe o rol das queixas e
dulcifica-te, deixando-te arrastar pelas sugestivas mensagens da ternura.
Abre-te à renovação íntima e,
por momentos, reflecte em torno da realidade que te aflige, reconsiderando
as posições mental e moral.
Refaz a situação em que te encontras
no lar, e recompõe a família, ofertando a fórmula do pão nutriente do amor.
Na oficina do trabalho, medita
em torno da dificuldade dos companheiros e desculpa-os, quando te firam,
amando-os mais.
Na vida social perceberás os felizes
na aparência, que te desprezam sem dar-se conta, todavia possuindo o élan do
amor, entenderás que eles estão doentes e tão aflitos, que se não apercebem
da gravidade do mal que os mina em silêncio.
Na comunidade religiosa a que
te filias, gostarias de aurir forças; muitas vezes, porém, descobres,
ali, que aqueles companheiros vivem carentes e aflitos, apresentando dramas
e amarguras que te causam desencanto. Se estiveres, no entanto, afeito à
mensagem do amor, supri-los-ás de alento e te reconfortarás. Eles estão
cansados e sofrem da mesma solidão que tu, não sendo diferentes de ti.
Em todo lugar, há lugar para o amor.
Melhor que sejas tu aquele que
ama, irrigando os corações com esse licor poderoso da vida.
Ninguém anda e cresce, sem o estímulo
do amor.
Dirás que também necessitas
de receber, criatura sofrida que és.
Tens razão, sem embargo, se
meditares mais, tu, que conheces Jesus, poderás esquecer de ti mesmo e
oferecer, com entusiasmo, o que gostaria de receber.
Observa por um instante:
a roseira apoiada no estrume transforma o adubo desprezível
em perfume que esparze no ar;
a semente aprisionada no solo que a esmaga retribui o próprio
sofrimento com o verde com que embeleza o chão, transformando-se em árvore
frondosa a doar bênçãos;
a pedra arrancada a explosivo e trabalhada a martelo, sem
queixumes desvela a estátua que lhe dormia inerme na intimidade;
o charco abandonado, ao receber a drenagem que o fere,
veste-se de vida e se torna abençoado jardim.
Ouve a lição sem palavras
da laranjeira apedrejada, reproduzindo galhos e abrindo-se em flores que balsamizam
o ar...
Disputa a honra de amar,
aceitando agora o convite que se te faz para que te transformes em vexilário
do bem, amando.
Jesus, por amor, tudo sofreu, a
tudo renunciou, experimentando rudes injunções climatéricas,
políticas, sociais e humanas para conferir-nos a honra da liberdade real e
plena, que somente através d'Ele podemos encontrar.
Como Deus é Amor, não te
esqueças, filho do Amor, que gerado pelo bem, a tua é a fatalidade do
próprio amor.
Joanna de Ângelis
Divaldo Franco
Livro Otimismo
Editora LEAL
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