NO APOSTOLADO FEMININO
O apostolado das Mães é o serviço silencioso com o Céu, em
que apenas a
Sabedoria Divina pode ajuizar com exatidão.
Ser mãe é ser anjo na carne, heroína desconhecida, oculta à
multidão, mas
identificada pelas mãos de Deus.
Ele conhece o holocausto das mães sofredoras e desoladas e
sustenta-lhes o
ânimo através de processos maravilhosos de sua sabedora infinita, assim como
alimenta a seiva recôndita das árvores benfeitoras.
Um instituto doméstico, em muitos casos, é cadinho
purificador.
Aí dentro, as opiniões fervilham na contenda inútil das
palavras, sem
edificações úteis; velhos ódios surgem à tona das discussões e sentimentos,
que deveriam permanecer esquecidos para sempre, aparecem à superfície das
situações, embora muitas vezes imanifestos nos entendimentos verbais.
O que nos interessa, porém, é a nossa redenção.
O sacrifício é a nossa abençoada oportunidade de iluminação.
Sabemos, no entanto, que para o carinho maternal, o combate é
intraduzível.
Na batalha sem sangue no coração.
No espinheiro ignorado.
Na dor que os olhos não visitam.
O devotamento feminino será sempre o manancial do conforto e
da benção.
Quando se interrompe o curso dessa fonte divina, ainda mesmo
temporariamente, a vida do lar sofre ameaças cruéis.
As experiências no sexo masculino conferem à alma um senso
maior de
liberdade ante os patrimônios da vida, e o homem sente maior dificuldade
para apreciar as questões do sentimento como convém.
Para os que se confundem na enganosa claridade dos dias
terrenos, a
existência carnal é somente recurso a incentivar paixões e alegrias
mentirosas, todavia, para quantos fixem o problema da eternidade, com a
crença renovadora no altar do espírito, a romagem planetária é divino
aprendizado para a redenção. O lar terreno é a antecâmara do Lar Divino,
quando lhe aproveitamos as bênçãos do trabalho santificante, porque, na
realidade, se o martelo e o buril são os elementos que aprimoram a pedra, a
dor e o serviço são as forças que nos aperfeiçoam a alma.
Trabalhar e sofrer são talvez os maiores bens que nossa alma
pode recolher
nos pedregulhos da Terra.
Toda dor é renascimento, toda renúncia é elevação e toda
morte é
ressurreição na verdade.
O Tesouro Divino não se empobrece e, para Deus, os filhos
mais ricos são
aqueles que canalizaram os recursos do serviço a bem de todos, sem
cristalizarem a fortuna amoedada nos cofres de ferro, que às vezes, cedo se
convertem nos fantasmas de angústia além do sepulcro.
Aqui, entendemos, com clareza mais ampla, o caminho da
eternidade.
Mais vale semear rosas entre espinhos para a colheita do
futuro, que nos
inebriarmos no presente, com as rosas efêmeras dos enganos terrestres,
preparando a seara de espinhos na direção do porvir.
Não percamos o dia para que o tempo não nos desconheça.
A dificuldade é nossa benção.
Amemos, trabalhando nas sombras de hoje, a fim de que
possamos penetrar em
companhia do Amor , na divina luz do Amanhã.
Do livro Cartas do coração. Psicografia de Francisco
Cândido Xavier.