1- Sou vidrado em espectáculos nocturnos "da pesada", penumbra nevoenta, luzes faiscantes, som "manero", turma animada... Um êxtase!
É compreensível. Há quem goste de banho de lama, férias no Pólo Norte, tanajura frita. Há até Espíritos que apreciam morar no Umbral! Gosto não se discute.
2 - Umbral?
Vejo que você não leu a obra de André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, onde descreve uma região densa e escura que circunda a Terra, habitada por Espíritos em desajuste, ainda presos aos interesses da Terra. Seria o purgatório da Igreja Católica. Para nós, espíritas, o Umbral.
3 - E o que tem isso a ver com minha curtição?
É que essas casas nocturnas parecem sucursais do Umbral. Ambiente sombrio, inconsequência, gente avoada e até drogada...
4 - Espíritos também?
Aos montes, perturbados e perturbadores gravitando em torno dos encarnados.
5 - Qual o problema se estamos todos numa boa?
Muitos pacientes no manicómio também se sentem assim. Criminosos, assaltantes, estelionatários, adúlteros, estão todos "numa boa". Só que essa "boa" de hoje será a "péssima" de amanhã, em lamentável envolvimento com o desajuste.
6 - Que mal pode haver num lugar onde a gente vai curtir um som, em ambiente de descontracção e alegria, num agito muito feliz?
Começa pelo som, tão ensurdecedor que, fatalmente, músicos e frequentadores habituais terão problemas auditivos. Depois o envolvimento com o - álcool, as drogas, que correm soltos, o sexo promíscuo e mais a sintonia com Espíritos umbralinos. Resultado a médio e longo prazo: perturbação, enfermidade, obsessão, infelicidade. Decididamente, não é uma boa.
7 - (...)
8 - Há no Espiritismo alguma proibição a respeito?
O apóstolo Paulo dizia "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convêm". É exactamente esse o ponto de vista doutrinário. Faça o que deseja, mas considere que nem sempre o objecto de seus desejos é algo conveniente. Cuidado com o Umbral!
Extraído do livro Não Pise na Bola.
Richard
Simonetti - Ed. O Clarim