Incógnita
Por que misterioso incompreensível
Vomito ainda em náuseas para o mundo
Todo o fel, toda a bílis do iracundo,
Se eu já não tenho a bílis putrescível?
Insondável arcano! Por que inundo
Meu exótico ser ultra sensível
Em plena luz e atendo ao gosto horrível
De apostrofar o pobre corpo imundo?
Fluidos teledinâmicos me servem,
Transmitindo as ideias que me fervem
No cérebro candente, ígneo, em brasa...
De que concavidade do Universo
Vem-me o açoite flamívomo do verso,
Chama da mesma chama que me abrasa?
Augusto dos Anjos
(De "Parnaso do Além-Túmulo"
- Poesias mediúnicas
- Autores espirituais diversos,
de Francisco Cândido Xavier)