Poesia - Soneto VI
Quem no Gozo consome a luz divina,
Audaz queimando a lúcida candeia,
Do Capitólio vai para a Tarpeia,
Na cova onde a aflição ruge e domina.
Desventurado intento, dura sina,
Do gozador que, mísero, tateia,
Rogando claridade à casa alheia,
Ao resplendor solar que ele abomina.
Desgraçado o destino que se entrega
À prepotência vil, à guerra acesa
Dos instintos da carne escura e cega!
Ó Céus! Que atroz suplício, que tristeza
No mendigo da luz, que a luz renega
Às trevas abismais da Natureza!
Manuel Maria de Barbosa du Bocage
Do livro “Volta Bocage...”
psicografado por Francisco Cândido Xavier
editado pela FEB