Imagine um dia em que tudo parece dar
errado. Imagine um dia que você adoraria não precisar viver.
Imagine agora que esse dia se repita incontáveis vezes, sem
que você possa fazer nada para evitar isso.
É essa a maldição que vive Phil Connors
(Bill Murray), um meteorologista e apresentador de TV,
egocêntrico ao extremo, sem amigos, nem amores, que após ter
passado um dia aborrecidíssimo em Punxsutawney, uma pequena e
pacata cidade do interior no norte dos Estados Unidos, acorda
todos os dias no mesmo dia, sem que mais ninguém, além dele,
perceba essa situação.
Cercado por desconhecidos, sem
condições de sair da cidade - onde não há 'capuccino', nem
sequer café expresso - em meio a uma nevasca, Phil se vê preso
no dia 02 de Fevereiro, em plena comemoração do Dia da Marmota
- uma festa em que um desses adoráveis roedores é 'consultado'
publicamente pelas autoridades locais para saber se o Inverno
será mais curto ou não, naquele ano.
A previsão mais segura, no entanto, é
de que para Phil, 'O Homem do Tempo' como é conhecido na TV, o
Inverno será muito, muito longo mesmo.
Saber o que vai acontecer, o que as
pessoas vão falar ou fazer, pode parecer interessante, ou
curioso, à primeira vista, mas com o decorrer dos dias (sempre
o mesmo dia, lembre-se) isso acaba ficando monótono e
desesperador.
Por mais que ele conheça melhor as
pessoas - sabendo seus nomes, manias, segredos, gostos, etc. -
e comece a gostar delas verdadeiramente, na manhã seguinte
todos ignoram o que viveram um dia antes e ele continua na
estaca zero, sendo considerado simplesmente o maior chato do
pedaço.
Essa também é a opinião de Ritta (Andie
McDonald), uma produtora de TV que o acompanha na cobertura do
Dia da Marmota, e por quem Phil se vê inutilmente apaixonado.
Por mais que ao longo do dia ele faça mil façanhas e
artimanhas para impressioná-la, no dia seguinte (o mesmo dia
02 de Fevereiro, não esqueça) ela acorda o achando egoísta,
presunçoso e desagradável, tal como ele realmente era no
início da história.
Reverter a situação é uma tarefa
difícil para Phil Connors, que depois de inúmeras tentativas,
erros e acertos, vai aprendendo a lidar com a situação, e, por
consequência, aprendendo a ser uma pessoa melhor.
Sem ser reencarnacionista, nem mesmo
espiritualista, o filme deixa-nos a ideia de que - seja em um
dia, seja em uma vida - as situações se repetem até que
saibamos lidar com as dificuldades e vencer os desafios de
forma correcta e digna. Mesmo tendo a eternidade para
alcançarmos a perfeição, parece muita perda de tempo passarmos
milhares de dias fazendo tudo errado.
Aproveite bem o seu dia. Todos os dias
de sua vida.
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